Governo grego não eleito continua a fugir das eleições

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Publicado Sexta, 06 de Abril de 2012 às 14:41, por: CdB

O governo não eleito grego prepara-se para adiar mais uma vez a marcação da data das eleições gerais a pretexto de ainda não ter conseguido chegar a acordo com os credores privados que não aceitaram a solução de troca de obrigações estabelecida com a maioria dos detentores privados de dívida grega. Artigo |7 Abril, 2012 - 00:26Primeiro eram em fevereiro, depois em maio, agora não se sabe. Entretanto, o governo não eleito de Papademos vai impondo já o pacote de austeridade associado a esse resgate.

A data deveria ter sido anunciada esta semana mas o porta-voz do governo, Pantelis Kapsis, anunciou quarta-feira que isso só acontecerá provavelmente na próxima semana.

Este cenário torna cada vez mais prováveis as possibilidades de as eleições, previstas vagamente para Maio, depois de terem sido anunciadas inicialmente para Fevereiro, se irem protelando sucessivamente com base nas alegadas dificuldades para finalizar o processo que permitirá finalmente a chegada a Atenas do segundo resgate nas condições impostas pela troika. Entretanto, o governo não eleito de Papademos vai impondo já o pacote de austeridade associado a esse resgate.

A conversão de 20270 milhões de euros correspondentes às dívidas aos credores que não aceitaram o processo de troca de obrigações, conhecido como « perdão » da dívida, deveria estar concluída em 11 de Abril, o que já não acontecerá porque o governo de Atenas afirma que não tem meios para o fazer. A próxima data prevista é a de 20 de Abril.

A chegada do segundo resgate já acordado está, porém, dependente também do acordo com os credores que não aceitaram «o perdão». E, segundo o entendimento do governo, a marcação de eleições só poderá acontecer quando esse processo estiver concluído.

A Grécia debate-se agora com três opções: continuar a pagar as dívidas aos credores que não aceitaram o processo, sobrecarregando os encargos que estiveram na base da definição do valor do resgate; entrar em incumprimento nesse sector, abrindo contenciosos; ou fazer uma nova proposta ao recalcitrantes, o que obrigaria a reconverter todo o acordo com os restantes, gerando uma nova onda de encargos em relação aos cálculos como estão feitos actualmente.

A chegada do segundo resgate já acordado está, porém, dependente também do acordo com os credores que não aceitaram «o perdão». E, segundo o entendimento do governo, a marcação de eleições só poderá acontecer quando esse processo estiver concluído.

Este arrastamento começa a ser interpretado como um mau sinal da Grécia em direcção aos restantes países europeus : o de que as marcações consultas populares podem passar a ficar reféns de alegadas negociações ou manifestações de insatisfação dos mercados em relação ao cumprimento dos acordos de dívida. E num momento em que as intenções de voto das várias forças de esquerda gregas que querem rejeitar o memorando da troika, excluindo o PASOK que se converteu ao neoliberalismo, atingem 35 por cento, começa a haver receios de que as eleições continuem de adiamento em adiamento enquanto o governo não eleito vai impondo factos consumados.

Uma delegação da Esquerda Europeia que integrou presidente do Die Linke da Alemanha, Gregor Gisy, e o presidente do Partido da Esquerda Europeia, Pierre Laurent, encontrou-se em Atenas com o presidente grego, Carolias Papoulias, a quem afirmou que apesar da opinião dominante nos governos e instituições europeias e da opção única pela política de austeridade existem outras vias, mais democráticas, para combater a crise social e económica.

Alexis Tsipas, presidente da coligação de esquerda Syriza, afirmou durante a audiência que «a Grécia é um país soberano e que o povo grego tem o direito a definir o seu próprio destino ; e se alguns pensam em adiar as eleições é necessário que assumam as consequências dessa sua opção».

Na mesma audiência, o presidente do Die Linke afirmou que «é preciso ajudar este país», pelo que as próximas eleições poderão «representar uma mudança». «É preciso enviar uma mensagem à Europa», acrescentou, «é preciso mostrar o que queremos verdadeiramente: uma Europa da democracia e da justiça social».

Artigo publicado no portal do Bloco no Parlamento Europeu.

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