Governo dos EUA monopoliza imagens de satélite do Afeganistão

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Publicado Sexta, 19 de Outubro de 2001 às 13:02, por: CdB

O Pentágono e a imprensa já travaram disputas em torno da cobertura em terra. Agora a disputa se estendeu ao espaço. A Agência Nacional de Imagens e Mapeamento, uma divisão do Departamento de Defesa, comprou todos os direitos de fotos do Afeganistão tiradas pelo melhor satélite comercial de imagens do mundo. Tal medida abre uma nova frente na disputa entre o governo, que deseja sigilo, e a imprensa, que tenta usar satélites para informar conflitos militares. As autoridades da agência de imagens disseram na quinta-feira que assinaram um contrato com a Space Imaging Incorporated, uma empresa privada de Thornton, Colorado, para compra de toda a capacidade do satélite de tirar fotos do Afeganistão e de países próximos. A compra é necessária para apoiar a operação militar americana no Afeganistão e para complementar a cobertura dos satélites espiões do governo, disseram as autoridades. O satélite Ikonos, de propriedade da Space Imaging, é o único satélite comercial que obtém imagens de alta definição e é capaz de distinguir objetos de até um metro. O contrato do Pentágono, fechado em 7 de outubro, também implica que órgãos de imprensa e outras organizações fora do governo não poderão obter imagens de satélite de alta resolução da região do Afeganistão. Além disso, o contrato permite que o Pentágono mantenha as imagens que comprou longe dos olhos públicos para sempre. Nenhuma delas poderá ser divulgada sem aprovação do Departamento de Defesa. A antiga disputa entre os militares e a imprensa girava em torno do acesso a informações que não poderiam ser divulgadas. A nova disputa é em torno do acesso a imagens coletadas no território sem soberania do espaço. O Pentágono também adotou uma abordagem mais sutil ao combate. Segundo a lei, o governo Bush poderia ter proibido o acesso da imprensa ao satélite com base na segurança nacional, invocando uma cláusula nunca utilizada da lei. Tal ação muito provavelmente teria provocado protestos acalorados e contestações na Justiça. Ao invés disso, o Pentágono conseguiu o resultado desejado por meio de seu contrato. Segundo o acordo, a Space Imaging receberá US$ 1,9 milhão (R$ 5,2 milhões) por mês. Além disso, Washington concordou em pagar US$ 20 (R$ 55) o quilômetro quadrado pelas imagens, e concordou que nenhum pedido será inferior a 10 mil quilômetros quadrados. O contrato expira em 5 de novembro. Ele poderá ser renovado mensalmente. Outros satélites comerciais de imagens são operados pelos israelenses, franceses e indianos, mas eles não possuem a alta resolução do Ikonos. Outra empresa americana, a DigitalGlobe de Longmont, Colorado, a ex-EarthWatch Incorporated, lançou na quinta-feira um satélite que possui uma resolução ainda maior do que a do Ikonos. Mas este satélite, o Quickbird, só poderá fornecer imagens depois de fevereiro. O Pentágono já expressou interesse neste material. Um porta-voz da DigitalGlobe disse que a empresa não tem nenhuma objeção em vender toda sua capacidade na área do Afeganistão para o governo americano. "O Ikonos é o único jogador disponível para imagens comerciais de alta resolução", disse Jeffrey T. Richelson, um especialista em reconhecimento espacial. "Se a mídia quiser obter acesso a imagens de alta resolução do Afeganistão, ela estará totalmente dependente da disposição do governo em divulgá-las". O governo é o principal cliente da Space Imaging, uma empresa com sede em Denver que insistiu que foi motivada principalmente por razões financeiras. "Para nós, é uma boa transação comercial e de grande valor para o governo, nada mais, nada menos", disse Mark Brender, diretor executivo de questões governamentais da Space Imaging. Com a aprovação do Pentágono, a Space Imaging ofereceu na quinta-feira a venda para a imprensa de duas imagens, obtidas pelo seu satélite, do aeroporto próximo de Candahar, antes e depois de ser bombardeado, por US$ 500 (R$ 1.380). A empresa está recebendo pedidos de outras imagens do Afeganistão, ma

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