Governo britânico teme retirada precoce de apoio à economia

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Publicado Segunda, 12 de Outubro de 2009 às 11:37, por: CdB

Primeiro-ministro britânico, Gordon Brown disse nesta segunda-feira que apoiaria o Banco da Inglaterra na sua eventual decisão de suspender sua política de juros tendendo a zero (que serve para estimular o crescimento), mas alertou que a reversão precoce de qualquer estímulo iria "ameaçar a recuperação" econômica. Brown afirmou ainda que o apetite do mercado por títulos públicos continua elevado, e confirmou a venda de papéis no valor de 16 bilhões de libras (US$ 25,4 bilhões) nos próximos dois anos, como parte das medidas destinadas a reduzir o déficit público britânico pela metade num prazo de quatro anos.

Mas analistas dizem que os mercados desejam mais medidas de longo prazo para reduzir o endividamento recorde do governo. A economia britânica vai lentamente saindo de sua pior recessão em várias décadas, refletindo estímulos fiscais do governo e a compra de bilhões de libras em títulos pelo Banco da Inglaterra (BoE). Analistas dizem que o BoE deve, em breve, acabar com o sua política de juros, mas as opiniões se dividem sobre quando ele deve começar a remover o estímulo, já que ainda há grandes obstáculos para a recuperação.

– Quando o Banco da Inglaterra tomar a decisão, como irá em algum momento, de suspender isso, acredito que todos nós poderemos apoiar. O que estou alertando é para aqueles que acreditam que se pode remover o estímulo fiscal e monetário da noite para o dia. Retirar o estímulo agora em sua integridade causaria um problema – disse Brown a empresários e executivos.

O governo diz que pretende manter o pacote de estímulos fiscais e reduzir gradualmente a dívida conforme a recuperação econômica. Já a oposição conservadora, favorita nas eleições que devem ocorrer até meados de 2010, propõe retirar os estímulos e cortar o déficit – que pode superar os 12% do PIB neste ano.

Na semana passada, o líder conservador David Cameron aconselhou o governo a parar de emitir dinheiro, para evitar um surto inflacionário. A declaração surpreendeu os analistas, pois é raro que políticos comentem medidas do Banco Central, que é independente. Os conservadores temem que o aumento da dívida pública tire a Grã-Bretanha de sua privilegiada condição de destino recomendado para investimentos.

A agência Moody's disse nesta segunda-feira à agência inglesa de notícias Reuters que o país de fato corre o risco de perder a sua nota AAA. Mas Brown disse que o mercado não está relutante.

– A experiência nos últimos meses é de pessoas preparadas para comprar, e não vejo mudanças nisso nos próximos meses também – concluiu.

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