Governador eleito do Paraná critica Consenso de Washington

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Publicado Quinta, 14 de Novembro de 2002 às 19:10, por: CdB

O senador Roberto Requião, governador eleito do Paraná, e presidente da Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul, abriu ontem (14), em La Plata, na Argentina, o I Congresso de Relações Internacionais da Universidade Nacional de La Plata. Falando sobre o tema "Aprofundar o Mercosul: uma obrigação estratégica", Requião fez duras críticas ao Consenso de Washington, que, desde 1989, dita as regras nas relações dos Estados Unidos com a América Latina e com o mundo. "O receituário de Washington, aplicado criteriosamente pelos países sul-americanos, gerou catástrofes econômicas e resíduos com os quais lidamos até hoje", declarou. Para Requião, "a cega obediência das lideranças políticas sul-americanas não só complicou especialmente a vida de argentinos e brasileiros, como também a dos demais povos latinos, e demonstrou de forma cabal a falência do modelo neoliberal desenhado em Washington e implementado pelos nossos burocratas de primeiro escalão, nas duas últimas décadas, é óbvio, da maioria dos governantes em todos os quadrantes do globo terrestre". Com relação às conseqüências, no Brasil, dessa obediência ao Consenso de Washington, Requião fez referência ao que chamou de "descalabro da nossa violenta realidade social, que traz a marca da exagerada concentração de renda e propriedade, da insegurança social, do desemprego e da pobreza que vagam pelas ruas dos nossos centros urbanos". Além disso, Requião afirmou que outro equívoco da obediência a Washington foi o modelo de privatização adotado no Brasil. O senador paranaense citou o exemplo das privatizações no setor elétrico brasileiro que, segundo ele, "só nos trouxe racionamento, tarifaço e prejuízos generalizados para a população". Requião abordou ainda as dívidas interna e externa do Brasil, que, de acordo com le, "explodiram na última década". Segundo Requião, isso também é conseqüência da submissão a Washington. Mercosul O senador paranaense considera que agora é o momento para mudar essa situação e que o Mercosul constitui-se numa exclusiva plataforma de apoio para a retomada do desenvolvimento regional. "Felizmente, com a eleição de líderes sul-americanos comprometidos com o destino dos nossos países no tal contexto globalizado, vemos surgir, mais uma vez, a oportunidade para avançarmos na construção de uma nova estratégia desenvolvimentista para a América Latina". E com relação à posição brasileira frente ao Mercosul, Requião fez questão de ressaltar a posição do presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva. "E o presidente tem o maior interesse no fortalecimento, consolidação e ampliação do Mercosul, conforme tem explicitado como presidente eleito, o que reserva lugar de destaque tanto para o trabalho dos parlamentos nacionais em nosso bloco econômico". Requião também falou sobre as negociações do Brasil e do Mercosul frente a ALCA e destacou que "cabe a nós, parlamentares sul-americanos, estabelecermos os instrumentos constitucionais que darão ao Poder Legislativo regional voz e voto na discussão final sobre a criação e implementação de uma possível Área de Livre Comércio das Américas".

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