Governador defende realização de eleições presidenciais antecipadas

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Publicado Segunda, 20 de Junho de 2016 às 09:18, por: CdB

O governador disse que seria preciso, para as futuras eleições, "reunir o que sobrou do sistema político e tentar refundar a política no Brasil"

 
Por Redação - de São Luís
  Governador do Maranhão, o ex-magistrado Flávio Dino (PCdoB) passou a apoiar a realização de novas eleições presidenciais como solução de curto prazo para evitar a completa ruptura das instituições democráticas do país. Dino é um dos principais aliados da presidenta Dilma Rousseff, afastada do cargo após deflagrado o golpe contra o governo eleito. — Quando há uma crise muito aguda como esta, somente a soberania popular pode garantir vitalidade para as instituições democráticas. Um pacto, entendimento e novas eleições, é o único cenário para rapidamente superarmos a crise política. Se não for isso, provavelmente vamos ficar caminhando nessa agenda policial e com o sistema político em destroço até 2018, o que é um preço muito alto para a população brasileira pagar — disse a jornalistas.
falviodino.jpgJurista e ex-juiz federal, Flávio Dino (PCdoB) é o governador do Maranhão
Dino acrescenta que o país está mais perto do que nunca "de resolver essa crise política”: — (Trata-se de) uma crise muita grave, de todas a pior que já vivi, porque é uma crise muito profunda do modelo político, é uma crise de representação, de deslegitimação deste sistema político institucional aos olhos da sociedade, por isso ela é uma crise multipartidária, não é de uma posição política só".

Eleições pós-Lava Jato

Na entrevista concedida aos jornalistas Raimundo Garrone e Jorge Vieira, do Jornal Pequeno, em São Luís, Dino sublinhou que !a Operação Lava Jato tem o mérito de destruir relações políticas viciadas, agora tem um limite, ela não consegue construir novas relações políticas, porque não é papel da polícia, do Ministério Público ou do Judiciário, isso é papel dos políticos e da sociedade”. — Então na medida que a sociedade não apoia o Temer, não apoia a Dilma, não apoia ninguém, apoia a Lava Jato, mas a Lava Jato desconstrói, quem é que constrói para colocar no lugar, ou você acha a sociedade vai funcionar sem governo? Obviamente que não, é preciso que se tenha instituições que garantam o mínimo de serviços e políticas públicas, o que não é impossível do jeito que está — pontua o governador. O governador disse que seria preciso "reunir o que sobrou do sistema político e tentar refundar a política no Brasil, porque se não for isso, a gente pode ir para uma aventura, como aconteceu na Itália, em que uma operação similar, que é a mãe da Lava Jato, que foi a operação Mãos Limpas, acabou resultando num governo pior ainda do ponto de vista ético que foi o governo do Silvio Beluscone". — Ou seja, destruiu todo o sistema tradicional de partidos na Itália, praticamente sobraram apenas os comunistas naquele período e que acabaram se refundando, o PCI mudou de nome e acabou virando Democrático Dela Sinistra. O próprio PCI acabou se dividindo em três, tanto que atual primeiro ministro da Itália é oriundo do PCI, praticamente a única corrente que sobreviveu, porque os dois partidos hegemônicos foram totalmente destroçados pela operação Mãos Limpas. No que se destroçou, o que ficou no lugar? — questiona. E, em seguida, responde: — O mando do Silvio Beluscone, com práticas iguais ou piores do que aquelas que foram combatidas pela Operação Mãos Limpas. Então a gente precisa ter muito cuidado porque nas eleições de 2018 nós poderemos ter a vitória de alguém com a bandeira da antipolítica. E bandeira da nova política, geralmente é uma bandeira atrasada".

Prova ilícita

Para o governador, acerca das delações premiadas, criticadas por vários políticos, este recursos trata-se de uma "novidade no Direito brasileiro porque a lei que regulamenta esse instituto é relativamente recente e nunca tinha sido usado com tanta largueza. É natural que haja um tempo de maturação, de como esse instituto vai funcionar". — Há, por exemplo, um questionamento acerca da validade das delações premiadas feitas com pessoas que estão presas, como se houvesse quase que uma troca, em que você troca informações por liberdade, enfim, esse questionamento não é apenas brasileiro, ele é internacional, bastante antigo no Direito. De um modo geral eu diria que a operação Java Jato coleciona muito mais acertos do que erros, como por exemplo a gravação da presidente Dilma, que o Supremo Tribunal Federal acabou de mostrar que realmente estavam erradas — disse. Segundo Dino, "depois do vazamento da gravação e eu questionei muito duramente, porque obviamente era uma prova ilícita e que acabou produzindo danos políticos imensos". — Decorridos dois meses, o Supremo reconhece exatamente aquilo que eu disse naquele discurso com juristas no Palácio do Planalto, ou seja, que a prova era ilícita, uma vez que não existia mais autorização judicial, portanto, as gravações jamais poderiam ter sido reveladas — concluiu.
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