Golpe contra Dilma perde força e Cunha é ‘bola da vez’

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Publicado Sábado, 14 de Novembro de 2015 às 13:39, por: CdB
Por Redação - de Brasília e Rio de Janeiro O “golpe democrático à paraguaia” ao qual se referiu a presidenta Dilma Rousseff, há algumas semanas, dissipou-se nas declarações do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, na noite passada. O comentário de Dilma ocorreu no encerramento de uma reunião realizada no ponto mais alto da fervura, na Câmara, e após duas derrotas em tribunais sobre decisões administrativas da gestão passada. Dilma, num gesto com os dedos, indicou que a expressão "golpe democrático", deveria ser colocada entre aspas, como uma ironia.
ricardo-lewandowski.jpgLewandowski colocou uma pá de cal na tentativa de golpe ao governo Dilma
Mas, em uma faculdade de Direito da capital paulista, nesta sexta-feira, o ministro Lewandowski colocou fim à especulação de a Corte Suprema participar, de alguma forma, em um “golpe democrático” patrocinado pelas forças reacionárias. Em uma declaração contundente contra as tentativas de ruptura do mandato da presidenta Dilma Rousseff, sem sequer citá-la, nominalmente, Lewandowski disse que o país precisa ter maturidade para aceitar o resultado das eleições passadas. — Com toda a franqueza, devemos esperar mais um ano para as eleições municipais. Ganhe quem ganhe as eleições de 2016, nós teremos uma nova distribuição de poder. Temos de ter a paciência de aguentar mais três anos sem nenhum golpe institucional — afirmou o presidente do STF. Para Lewandowski, a crise porque passa o país, hoje, tem mais fundo político do que econômico. — Estes três anos (após o 'golpe institucional’) poderiam cobrar o preço de uma volta ao passado tenebroso de 30 anos. Devemos ir devagar com o andor, no sentido que as instituições estão reagindo bem e não se deixando contaminar por esta cortina de fumaça que está sendo lançada nos olhos de muitos brasileiros — ressaltou. Ricardo Lewandowski também afirmou que o Parlamento brasileiro é "amador" na função de investigar e se desvia de sua prerrogativa de legislar. — O Congresso Nacional deixou de lado a sua função legislativa e passou a exercer uma função investigativa. Inúmeras CPIs correndo, substituindo-se ao MP e à PF ao próprio Judiciário, fazendo aquilo que ele [Congresso] não sabe fazer e deixando de fazer aquilo que ele sabe, que é legislar. Investigar é para profissional, não é para amador, com todo respeito aos nossos parlamentares. É por isso que as CPIs dão no que dão — disse Lewandowski. O ministro também destacou a importância da decisão do Supremo que barrou as doações de empresas em campanhas eleitorais. — O STF proibiu em boa hora o financiamento de campanhas por empresas privadas. Nós entendemos que haveria um desequilíbrio de armas. Um votinho só não tem como enfrentar uma empresa que doa 100 milhões — comparou. Contra Cunha Se a presidenta Dilma estava em situação difícil, junto à Opinião Pública, deixou para o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) a pressão das ruas pela sua retirada do cargo. Nos últimos dias, em todo o país, mais de 500 mil brasileiros e brasileiras protestam contra o parlamentar da direita. Na véspera, 10 mil pessoas, segundo os organizadores, ocuparam a área principal da Esplanada dos Ministérios entre as 11h e as 14h, para protestar, principalmente, contra Cunha. O ato convocado pela Frente Brasil Popular também criticava as tentativas da oposição pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff, ao mesmo tempo em que pedia mudanças na política de ajuste fiscal. Segundo o presidente da CUT, Vagner Freitas, era uma manifestação pela democracia. "Uma série de ações golpistas vem daqueles que não aceitam o resultado da eleição e que construíram uma crise política, que gera uma crise econômica, porque o país está parando, e os prejudicados são os trabalhadores", afirmou. Ele também criticou o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, dizendo que ele deveria "pegar o boné e ir para casa". — O ajuste fiscal travou o mundo e não queremos que trave o Brasil — afirmou. Mas o destaque era mesmo o presidente da Câmara. Faixas e cartazes diversos afirmavam que o país não deve permitir que seja dado "mais um golpe" por Eduardo Cunha, em meio a suas manobras para permanecer no cargo. "Sem Cunha, sem novos golpes”, gritavam os manifestantes, numa clara alusão às articulações feitas pelo deputado nos últimos dias para atrasar o rito das votações do Conselho de Ética, em que corre o processo que investiga o seu caso. A presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, disse que a Frente Brasil Popular pretende realizar outros atos nacionais pela democracia. — Nossa luta é ampla. Queremos a melhoria da educação, queremos impedir o retrocesso no país e queremos, principalmente, que a democracia prevaleça. E só com a pressão popular, a força das ruas em manifestações como esta daqui, conseguiremos fazer valer nossos direitos — acrescentou. Embora a manifestação tenha sido pacífica do início até o fim, o Congresso Nacional poucas vezes ficou tão cercado de seguranças legislativos, policiais militares e reforços da tropa de choque da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal. Todo o aparato atendia a pedido da presidência da Câmara. Os policiais ainda fizeram barreira em toda a área que dá acesso à chapelaria do Senado, por onde os manifestantes pretendiam entrar.
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