Furlan prevê negociação mais dura para a Alca

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Publicado Domingo, 23 de Novembro de 2003 às 14:36, por: CdB

Os negociadores da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) salvaram o processo de sua criação nesta semana, apesar dos prognósticos de um rotundo fracasso, mas as batalhas mais duras ainda devem ser travadas no tortuoso caminho para a criação do maior bloco comercial do mundo.

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, disse que a reunião da Alca em Miami foi um "sucesso político", porque destravou as negociações que estavam paradas há vários meses. Ele admitiu, contudo, que as reuniões trouxeram poucos resultados concretos e que o verdadeiro trabalho dos negociadores ainda está por começar. Segundo Furlan, do ponto de vista prático, "o encontro realmente deixou a desejar".

"As reuniões foram pobres em deliberações concretas, principalmente em temas de acesso a mercado. Aí é que vamos começar a buscar concessões recíprocas." Representantes de 34 países do continente - todos menos Cuba - fecharam na quinta-feira um acordo para criar uma Alca menos ambiciosa do que o previsto quando os Estados Unidos lançaram a idéia, em 1994. Diante disso, a reunião de Miami foi encerrada antecipadamente.

As negociações continuarão nos próximos meses em uma nova reunião, quando os participantes devem definir os polêmicos temas que foram deixados de lado em Miami para evitar o naufrágio do processo.

O acordo de Miami, que orientará as negociações na sua fase final para que a Alca entre em vigor em 2005, permitiu avançar rumo a um pacto flexível no que diz respeito à eliminação de barreiras do comércio. Os países que desejarem, poderão assumir compromissos mais profundos por meio de acordos bilaterais ou multilaterais. "Há queixas do setor privado norte-americano e do setor privado brasileiro. Avançamos pouco no acesso aos mercados," disse Furlan.

O ministro previu que as futuras discussões se dividirão em dois blocos principais. "A concentração dos temas em debate será a seguinte: por um lado, Brasil e seus sócios do Mercosul (Argentina, Uruguai e Paraguai) apontaremos para temas de acesso a mercados em bens agrícolas e não-agrícolas," afirmou. "O Nafta (bloco formado por EUA, Canadá e México) vai se concentrar em serviços e compras governamentais."

Furlan disse que o Brasil também "continuará defendendo que a legislação antidumping norte-americana não pode ser aplicada unilateralmente, já que prejudica muito os países que têm uma plataforma industrial, entre eles o nosso".

"A percepção do setor industrial brasileiro é que os empresários norte-americanos não vão conceder vantagens em temas que são pretendidos pelo Brasil, como melhores condições de acesso para o aço, etanol, todos os temas agrícolas e produtos semi-elaborados", afirmou.

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