França lança canal gay

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Publicado Terça, 28 de Setembro de 2004 às 18:26, por: CdB

O primeiro canal gay da televisão francesa, o PinkTV, é uma experiência impressionante. Os fundadores do PinkTV acreditam que já têm um potencial de audiência - que não se restringe a apenas os quase 3.5 milhões de gays da França - para o canal especial.

O canal "é um enorme salto para a televisão, um pequeno degrau em grandes saltos", disse o apresentador Eric Gueho na inauguração do canal, nesta terça-feira.
 
"Os gays falam aos franceses. Mas nem todos os franceses falam aos gays. Mas isso ainda vai acontecer".
 
Bem, talvez. Em tempos de surpreendente conservadorismo e de uma abundante presença do catolicismo, o país ainda está dividido quando o assunto é homossexualidade.
 
Nos últimos anos a França tem dado grandes passos como, por exemplo, o reconhecimento legal de casais gays e a eleição de um prefeito gay para Paris. Atitudes homofóbicas serão punidas com prisão e multa sobre a medida provisória levadas ao parlamento.
 
Mas o grupo SOS Homophobia teve o dobro de casos de ataques a gays no ano passado, com 86 casos contra 41 anos de 2002. Em janeiro, um homem gay de 35 anos foi cruelmente queimado por dois agressores que o encharcaram com gasolina e ataram fogo em seu corpo. Sebastien Nouchet disse aos investigadores que um de seus agressores disse: "Você vai morrer, bichinha".
 
Depois ter presidido sobre o primeiro casamento gay, em 5 de junho, o governo francês suspendeu por um mês Noel Mamere, um testa-de-ferro no movimento verde da França, de seu cargo de oficial da cidade.
Um tribunal de Bordeaux anulou, mais tarde, a união de Bertrand Charpentier e Stephane Chapin.
 
"O casamento é bom! Eu recomendo a todos!", disse Charpentier depois do veredicto de julho. Mas o presidente Jacques Chirac, junto do ministro das finanças e seu provável sucessor Nicolas Sarkozy, estão entre aqueles que se declararam contra o casamento gay - mesmo depois de uma apuração de votos no começo do ano ter comprovado que uma maioria apóia tal união.
 
O canal Pink diz que retomará o debate sobre o homossexualismo e outros assuntos, mas que não se comportará feito "militante" nos assuntos. O canal será aberto em 25 de outubro nos canais a cabo e satélite. A assinatura vai custar 9 euros por mês.
 
A Inglaterra já possui dois canais na plataforma digital da Sky - o GayDate TV, um canal de teleshopping , e o GayTV, um canal de leve pornografia na madrugada. A Suécia também tem uma programação gay.
 
Mas o Pink é o primeiro canal gay público nacional de seu tipo, disse seu fundador e presidente, Pascal Houzelot. O Pink tem o alvo em, pelo menos, 180.000 assinantes. Houzelot disse que espera que metade desta audiência provenha de Paris.
 
"O Pink está vindo no momento certo", disse. "Existe uma evidente mudança de mentalidade. Temos visto que a sociedade mudou. Vimos a mudança na lei (...). Na França, podemos dizer abertamente que os gays passaram da era da tolerância para a era da legalidade, o que simplesmente significa que alcançamos a igualdade".
 
Além das doses diária de desenhos da Mulher Maravilha e dos "manga" japoneses, o PinkTV planeja transmitir filmes, documentários, programas de música, vídeos experimentais e séries que incluem o "Queer as Folk".
 
"Haverá debates às segundas-feiras sobre homofobia, união, paternidade e outros tópicos gays. Às terças um chat e filmes de sexo explícito quatro vezes por semana, depois da meia-noite. Os atores usarão camisinha.
 
A apresentadora de esportes do canal, Brigitte Boreale, que era um homem, agora prefere o termo transexual. Ela vestia sapatos de salto alto pretos e uma mini-saia no lançamento de terça e disse que planeja cobrir o mundo dos esportes (em sua maioria masculino) "com um ângulo de ataque totalmente especial".
 

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