França eleva o tom e diz ser contra ataque dos EUA ao Iraque

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Publicado Terça, 21 de Janeiro de 2003 às 20:07, por: CdB

Enquanto os Estados Unidos e a Grã-Bretanha exortam a Organização das Nações Unidas a permanecer firme em relação ao Iraque, outros membros do Conselho de Segurança - a começar pela França, que detém a presidência rotativa do órgão - pronunciaram-se, nesta terça-feira, contra uma nova guerra no Golfo Pérsico. Em visita a Bruxelas, o ministro do Exterior francês, Dominique de Villepin, aconselhou os Estados Unidos a respeitar o Conselho de Segurança e a não adotar uma ação unilateral contra o Iraque. Villepin avisou que a França mobilizará a União Européia em esforços para evitar a guerra. "É importante que a Europa fale sobre esta questão com uma só voz", disse o chanceler francês, rechaçando a pressão norte-americana quanto a uma ação militar iminente. "Estamos mobilizados e acreditamos que a guerra pode ser evitada". O chanceler francês também ressaltou que o relatório a ser apresentado no próximo dia 27 pelos inspetores de armas da ONU ao Conselho de Segurança sobre o trabalho no Iraque é apenas uma conclusão "interina", e não uma situação definitiva. "Não vemos, hoje, justificativa para uma intervenção militar, uma vez que os inspetores estão conseguindo fazer seu trabalho", acrescentou. "Não podemos apoiar uma ação unilateral". Villepin disse, ainda, que o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, não pode deixar-se levar pela "impaciência". O ministro francês revelou que aproveitará uma reunião de cúpula dos 15 ministros da União Européia, no início da próxima semana, para elaborar uma posição conjunta sobre a possibilidade de guerra no Golfo. A mesma opinião foi manifestada pela Alemanha. O ministro do Exterior do país, Joschka Fischer, alertou que a guerra só serviria para alimentar ainda mais o terrorismo mundial. Também em Pequim, o ministro do Exterior da China, Tang Jiaxuan, disse a jornalistas que o Conselho de Segurança da ONU - do qual seu país é membro permanente - tem que respeitar o chefe da comissão de inspetores da organização mundial, Hans Blix, e o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica, Mohamed El-Baradei, e apoiar o trabalho de ambos. Por sua vez, o ministro do Exterior da Rússia, Igor Ivanov, avisou que Moscou não apoiará qualquer operação militar unilateral contra o Iraque. "Só se deve usar a força quando todos os outros recursos foram esgotados", afirmou. "O potencial para um acordo ainda não foi esgotado". Ivanov salientou que a maioria dos membros do Conselho de Segurança defende uma solução pacífica e diplomática para o problema das alegadas armas de destruição em massa do Iraque. "A Rússia, como muitos outros membros do Conselho de Segurança, acredita que os inspetores têm que continuar seu trabalho no Iraque e definir se o Iraque dispõe ou não armas de destruição em massa", concluiu. A Grécia, que detém a presidência rotativa da União Européia até final de junho, avisou que uma guerra prejudicaria a paz e a estabilidade no Oriente Médio. "Nós dois avaliamos que a paz tem que ser preservada", declarou o primeiro-ministro grego, Costas Simitis, após uma reunião com seu colega romeno, Adrian Nastase, em Atenas. "Nós acreditamos que um conflito resultará no adiamento de muitos acontecimentos, além de ser um conflito que não trará benefícios para a estabilidade e a paz na região", encerrou. O ministro do Exterior grego, George Papandreou, que planeja a viagem de uma missão da União Européia ao Oriente Médio para o final deste mês, declarou que o conflito é totalmente desnecessário. "A resolução 1441 das Nações Unidas não diz que tem que haver uma decisão em 27 de janeiro, quando o relatório for apresentado", observou. "Então, na teoria e na prática, pode haver mais tempo", disse. "Os inspetores poderiam continuar seu trabalho por mais tempo".

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