França aprova imposto sobre grandes rendimentos

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Publicado Quarta, 24 de Agosto de 2011 às 17:18, por: CdB

Quem ganhar mais de 500 mil euros anuais pagará um imposto de 3%. Medida é provisória e deve durar apenas dois anos. Em Portugal, Bloco insiste numa das suas propostas mais antigas, o imposto sobre as grandes fortunas.Artigo |25 Agosto, 2011 - 02:55Milionários franceses querem pagar mais impostos. Já os portugueses... Foto de Axolot

O governo francês anunciou a criação de um imposto extraordinário de 3% sobre todos os cidadãos  que tenham rendimentos superiores a 500 mil euros anuais. A medida foi apresentada como temporária e só durará até que seja alcançado o objectivo de 3% de défice, o que está previsto para 2013. A decisão foi anunciada pelo primeiro-ministro François Fillon, e faz parte de um pacote de medidas fiscais para poupar 12 mil milhões de euros de défice público entre 2011 e 2012. Outras decisões anunciadas incluem alterações sobre o imposto sobre as sociedades, a supressão de alguns “nichos fiscais” e o aumento da pressão fiscal sobre algumas rendas de capital e sobre benefícios fiscais de certos investimentos imobiliários destinados aos serviços. Também foi anunciado um aumento de 6% do preço do tabaco e a subida dos impostos sobre as bebidas alcoólicas fortes e os refrigerantes.
Recorde-se que, na terça-feira, 15 donos das maiores fortunas francesas enviaram uma carta ao governo a pedir que lhes fosse aplicado um imposto especial para contribuir para a saída da crise.
Entre os subscritores estão o presidente da L'Oreal e a sua principal accionista, os patrões da petrolífera Total, do grupo hoteleiro Accor, do grupo Danone, do banco Société Générale, do operador de comunicações Orange, da companhia aérea Air France-KLM e do fabricante de automóveis PSA Peugeot-Citröen. É certo que a França tem eleições daqui a oito meses e Portugal não as deve ter tão cedo, mas, ainda assim, a diferença é flagrante, ainda mais se pensarmos nos sacrifícios que o governo português tem imposto aos trabalhadores e até aos mais pobres, algo muito distante do que se passa em França.
Amorim diz que não é rico
Em Portugal, o maior milionário do país optou por dizer: “Eu não me considero rico. Sou trabalhador”, sustentou Américo Amorim. O milionário não só é o mais rico de Portugal como figura entre os 200 mais ricos do planeta.
Como bem observou o site da RTP, há apenas um ano, Amorim elogiava iniciativas filantrópicas de milionários americanos como Bill Gates ou Warren Buffett: “Historicamente, filosoficamente, o que fizeram Bill Gates e mais recentemente Warren Buffett são actos de cultura filantrópica, que faz parte da sociedade dos Estados Unidos. Tudo o que sejam actos de disponibilidade para produzir instrumentos de riqueza moral ou económica são positivos.”
Mas quando é posto diante de uma pergunta concreta sobre um imposto para que os ricos, como ele, “deixem de ser mimados”, como disse Buffett, o patrão da Galp e da cortiça desconversa.
Bloco acusa dono da Galp de insultar o povo português
O deputado bloquista Pedro Filipe Soares considerou as palavras de Amorim “insultuosas para com o povo português”. E observou: “Curiosamente, ele não foi sequer chamado, por opção deste governo, a pagar para o imposto extraordinário que vai lesar metade do subsídio de Natal de todos os portugueses”, recordou Pedro Filipe Soares. De facto, se Américo Amorim diz que é trabalhador, deveria então pagar o correspondente a metade de 1/14 dos seus rendimentos anuais.
O Bloco de Esquerda anunciou que vai apresentar, nas próximas semanas, uma proposta para taxar as grandes fortunas nacionais, uma das suas propostas mais antigas e que foi persistentemente rejeitada pelas diferentes maiorias da Assembleia da República.
No próximo dia 2 de Setembro, o Parlamento vai debater e votar uma proposta do Bloco sobre a transferência de capitais para "off-shores".
 

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