Representantes da França no Conselho de Segurança das Nações Unidas estão analisando a proposta de resolução americana prevendo uma possível ação militar contra o Iraque.
A expectativa é que a resolução fosse discutida ainda nesta sexta-feira pelo Conselho de Segurança. No entanto, a decisão francesa de analisar cuidadosamente o documento atrasou o debate.
Acredita-se que os franceses não tenham concordado com uma suposta proposta americana de autorizar, automaticamente, o uso da força contra o Iraque, caso inspetores de armas da ONU encontrem algo no país que viole resoluções anteriores.
A França também estaria analisando se o documento determina ou não que o Conselho discuta e aprove tal ataque, antes que ele ocorra.
Sinal “perigoso”
O presidente francês, Jacques Chirac, negou que haja qualquer atrito entre o país e os Estados Unidos dentro do Conselho de Segurança. No entanto, ele confirmou que a França é contra o uso automático da força contra os iraquianos.
“A posição francesa é clara: não, não deve haver intervenção automática”, disse Chirac em uma entrevista a uma rádio francesa.
“Não há conflito entre a visão francesa e a americana ou nada dessa natureza. Há apenas a afirmação francesa do que o país considera ser a lei internacional e o bom senso”, completou.
A França liderou os países da ONU que se opuseram ao primeiro esboço de resolução americana que previa o uso de “todos os meios necessários” contra o Iraque no caso de violações de resoluções da ONU.
O analista de assuntos de política internacional da BBC em Nova York, Mark Doyle, disse que os Estados Unidos e a Grã- Bretanha acreditam que qualquer sinal de divergência entre os membros permanentes do Conselho de Segurança representaria um sinal “perigoso” para Saddam Hussein.
Além da França, Estados Unidos e Grã-Bretanha, são membros permanentes e com direito de veto a Rússia e a China.
China e Rússia
Doyle lembrou que os Estados Unidos têm repetidamente insistido para que o ataque contra o Iraque seja automático no caso de violação de resoluções da ONU, e têm encontrado repetidamente a resistência francesa.
Os franceses insistem que devem haver mais consultas aos membros do Conselho de Segurança se houver a necessidade de um ataque, e que é o Conselho que deve ter a palavra final.
A Rússia indicou que poderia aceitar o uso da força contra o Iraque no caso de violações, desde que a ação fosse aprovada pelos membros do Conselho.
No entanto, o ministro do Exterior russo, Igor Ivanov, disse à BBC que o único objetivo de um esboço de reolução neste momento deve ser acelerar o retorno dos fiscais de armas ao Iraque.
A China tem uma visão semelhante e também quer o retorno dos fiscais o mais rápido possível para monitorar o desarmamento iraquiano.
Os Estados Unidos por sua vez, advertiram que vão agir se sentirem em perigo. O secretário de Estado americano, Colin Powell, disse que o presidente do país, George W. Bush, vai agir de acordo com os interesses de seu país.
“Os Estados Unidos não precisam de nenhuma autorização adicional, mesmo agora, se sentirmos que é necessário tomar uma atitude para nos defender”, disse Powell.