Presidente do Banco Central, Arminio Fraga afirmou nesta segunda-feira que antevê mudanças positivas quanto às expectativas de inflação para os próximos meses, o que ele chamou de "segunda derivada". - A última expectativa de inflação, ela ainda subiu um pouco. Mas se olharmos alguns sinais, como a taxa de câmbio - que já se apreciou -, eles apontam na direção certa - afirmou. Durante seminário em São Paulo, Fraga lembrou que os tempos de inflação elevada criaram um gene de sobrevivência, o que naqueles anos foi positivo, mas hoje representa uma ameaça. "Ele cria um comportamento extremamente arisco que, ao menor sinal de descuido com a inflação, gera-se mais inflação", afirmou, ressaltando que o BC nunca perdeu de vista o objetivo da estabilidade de preços. Fraga avaliou que o que está acontecendo é um temor, segundo ele infundado, de mudança do regime. "Quando você avalia que existe a probabilidade de mudança de regime, cria-se uma dinâmica extremamente complicada. O desafio que se apresenta ao novo governo eleito é deixar claro que não haverá mudança de regime", afirmou o presidente do BC, destacando que os representantes do PT têm dado "sinais fortes e inequívocos de que não haverá tolerência com a inflação". Fraga também afirmou que vê a questão da inflação com preocupação, mas ao mesmo tempo com serenidade. Ele lembrou que é um problema puxado pela depreciação do câmbio e que tem a ver com a falta de crédito, mas afirmou acreditar que a receita de que algumas das políticas econômicas atuais serão mantidas e aprofundadas no próximo governo devem resolver esse tipo de incerteza. Credibilidade e flexibilidade Armínio Fraga sugeriu ainda que a capacidade de o País reverter o atual quadro de crise pode se basear no reforço de dois grandes grupos - a credibilidade e a flexibilidade. No primeiro, defendeu a consolidação de um regime macroeconômico robusto, que passaria pela preservação dos avanços fiscais, financeiros e monetários - neste último, lembrou, que a autonomia operacional do BC seria um grande passo - e ainda a criação de uma margem de segurança na política macroeconômica para que o País tenha uma folga quando houver "mau tempo" com interrupção do crédito. No campo da flexibilidade, reiterou que há um problema nessa área no qual a economia não responde aos choques na velocidade adequada e com um grau mínimo de custos adequado. E destacou, nesse sentido, o avanço no regime de câmbio flutuante, das demonstrações contábeis do setor privado e da abertura econômica. Sobre esse último ponto, Fraga disse que é uma ilusão acreditar que a solução para as contas externas está numa política agressiva de aumento das exportações e subsídios das importações. "Isso cria um hiato de custos, que somente dificulta, não ajuda", afirmou Fraga.
Rio de Janeiro, Sexta, 29 de Março de 2024
Fraga vê sinais de controle da inflação
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Publicado Segunda, 18 de Novembro de 2002 às 14:04, por: CdB
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