Força Nacional de Segurança inicia operação para os Jogos

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Publicado Terça, 05 de Julho de 2016 às 10:16, por: CdB

Entre as medidas da operação, figura a ativação do Sistema Integrado de Comando e Controle, que terá a função de integrar as forças de segurança em torno do evento esportivo

Por Redação, com ABr - do Rio de Janeiro:   A Força Nacional de Segurança assumiu nesta terça-feira o controle da vigilância e policiamento das áreas de competição dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Faltando 30 dias para o início do principal evento esportivo mundial, também começa hoje a operação integrada de segurança para a Olimpíada, coordenada pela Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos do Ministério da Justiça.
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A Força Nacional de Segurança assumiu nesta terça-feira o controle da vigilância e policiamento das áreas de competição dos Jogos Olímpicos Rio 2016
Entre as medidas da operação, figura a ativação do Sistema Integrado de Comando e Controle, que terá a função de integrar as forças de segurança em torno do evento esportivo. O sistema será baseado no Centro Integrado de Comando e Controle do Rio de Janeiro, que funciona no centro da cidade. Participarão do sistema as forças de segurança pública, defesa civil e ordenamento urbano.

Comunidades ocupadas

A maior parte dos moradores das comunidades ocupadas por Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs), no Rio de Janeiro, avalia positivamente a presença da polícia e manifesta o desejo de que essas ocupações continuem após a Olimpíada. Esta é a principal conclusão da pesquisa Dimensionamento dos Impactos Sociais das UPPs em Favelas Cariocas, que a Fundação Getulio Vargas (FGV) desenvolveu em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e que foi divulgada nesta terça-feira. Para o coordenador do FGV Opinião, Márcio Grijó, “é um mito acreditar que os moradores [de comunidades] apoiam o tráfico. “Pelo contrário, muito deles temem que as UPPs encerram suas atividades após a Olimpíada. Embora faça uma série de críticas à atuação dos agentes e aos serviços oferecidos pelo estado, a maioria pede que as UPPs continuem”, afirma.

Pesquisa

A pesquisa apresenta um estudo sobre a percepção dos moradores de 20 comunidades cariocas, onde foram implantadas Unidades de Polícia Pacificadoras, a respeito das políticas de segurança e da atuação do poder público. Os pesquisadores realizaram um levantamento domiciliar com moradores junto a 100 pessoas de cada uma destas 20 favelas, totalizando duas mil entrevistas. As informações divulgados pela FGV indicam que a primeira etapa ocorreu entre 2 de abril e 1º de junho de 2014, nas UPPs antigas: Santa Marta, Cidade de Deus, Jardim Batam, Babilônia, Tabajaras, Providência, Borel, Formiga, Andaraí e Vidigal. Já a segunda fase foi realizada de 6 de novembro do ano passado a 8 de janeiro deste ano, em comunidades classificadas como UPPs recentes: Pavão-Pavãozinho/Cantagalo, Alemão, Vila Cruzeiro, Rocinha, Manguinhos, Jacarezinho, Barreira do Vasco/Tuiuti, Cerro Corá, Lins e Vila Kennedy.

Notas de avaliação

Nas UPPs antigas, a nota dada pelos moradores às UPPs é 6. Já nas UPPs recentes a média cai para 4,5, numa escala que vai de zero a dez. Do mesmo modo, a avaliação dos serviços públicos varia em cada grupo. Nas UPPs antigas, os moradores deram 5,6 para os serviços públicos e nas UPPs recentes, 5,1. – Uma das principais críticas dos moradores é com relação aos serviços públicos, cuja oferta e qualidade não melhoraram substancialmente, especialmente nas UPPS mais recentes, onde a própria presença da UPP ainda não está consolidada – informou Grijó. Já o serviço mais elogiado é o fornecimento de energia, considerado como ótimo ou bom por 74,8% dos entrevistados. A maior crítica é dirigida à ausência de programas culturais e de espaços de lazer nas comunidades. Mas, quando se observa as ocupações por conta do trabalho do governo com setor público, a presença ainda é bastante insipiente, com um avanço bastante aquém do prometido e necessário. – Esta é a questão: por mais que os moradores digam que a segurança melhorou e há uma análise de que houve avanços das garantias e dos direitos de ir e vir – hoje muito melhor do que antes das UPPs, a disponibilidade de serviços públicos, especialmente a de lazer para a população mais jovem, não avançou. Neste caso específico, a promessa não foi cumprida – disse a professora do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública da UFMG, Ludmila Ribeiro, que colaborou em todas as etapas do trabalho. Segundo a pesquisadora, um dos ganhos das UPPs, no que se refere às políticas públicas de segurança, foi a cobrança por segurança fora e dentro das favelas. “Em comunidades em que as UPPs já estão mais consolidadas, existem evidências de que os tiroteios e as mortes diminuíram”, acrescenta a pesquisadora.

Violência entre as comunidades

Co-autora da pesquisa, Ludmila Ribeiro ressaltou a percepção de uma grande diferença nas avaliações feitas sobre a questão da violência entre as comunidades das favelas cujas ocupações se deram há mais tempo e as mais recentes. – Nos dois casos, no que pese as questões ligadas à dinâmica das UPPs, a avaliação é de que a situação melhorou. Agora, essa percepção é muito maior nas UPPs antigas do que nas mais recentes. Nas antigas 58,5% acreditam que a situação está melhor e mais segura, ou muito melhor e mais segura; enquanto este percentual nas UPPs mais recentes cai para 42%. Ainda do ponto de vista da análise sobre as questões da violência, Ludmila pôde constatar na pesquisa que as pessoas querem mais respeito por parte dos policiais, tanto no que diz respeito às questões envolvendo a forma de abordagem policial, como no tratamento individual dado a cada um. – O que se percebe é que as pessoas querem segurança, mas também querem um policiamento que as respeite, que seja capaz de tratá-las de forma mais igualitária, ou seja: um policiamento semelhante ao que, no imaginário coletivo, é prestado mais junto aos moradores das comunidades da Zona Sul da cidade. Ludmila diz, ainda, que “o que se pode concluir da pesquisa é o desejo manifestado de que a ocupação continue mesmo após as olimpíadas. E isto está presente tanto entre os moradores que residem nas UPPs mais antigas como nas mais recentes”. Segundo a professora, nas comunidades mais antigas, do ponto de vista das ocupações, este percentual das pessoas que afirmam que as UPPs devem continuar após as olimpíadas chega a 87,4%, caindo para 64,2% entre as mais recentes.  
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