Folia no Rio começa morna e esquenta no final com Portela

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Publicado Segunda, 03 de Março de 2003 às 14:09, por: CdB

As cenas de violência que aconteceram do lado de fora do sambódromo, na madrugada desta segunda-feira de carnaval, não repercutiram na festa, que começou morna e foi esquentando ao longo dos desfiles das escolas de samba que cruzaram a Marquês de Sapucaí. A Portela encerrou a noite como uma das favoritas ao título deste ano. Portela desfile ao som dos aplausos Aclamada como campeã do carnaval tão logo a águia em branco e azul celeste embicou na Avenida, a Portela elevou a temperatura no Sambódromo que já se entregava ao cansaço, logo nas primeiras horas da manhã desta segunda-feira de carnaval. A primeira homenagem, de uma série que o enredo portelense prestaria ao longo de 1h08 de desfile, foi para o Cordão do Bola Preta. "Ontem, hoje, sempre Cinelândia: O Samba entra em cena na Broadway brasileira", tema do carnavalesco Alexandre Louzada para este ano, combinou com o horário em que a escola desfilou na passarela. "Deixa o dia raiar", dizia a letra do samba, e o clarear do céu não ofuscou a alegria com que os foliões brindaram o público. - Nunca ví nada igual. É minha primeira vez aqui na Sapucaí. Estou achando tudo maravilhoso. É como viver um sonho - deslumbrou-se o passista Danielo Rohr, que saiu de Marborg, uma pequena cidade ao sul da Alemanha, para conhecer o carnaval carioca. Acompanhado da namorada brasileira: "a mais linda mulher do mundo", Danielo jurou que todos os anos virá ao Rio, só para desfilar. Assim que o desfile da Portela começou, uma ala de vendedoras de doces trouxe em seus tabuleiros balas de verdade, torrões de açúcar que atiravam aos público. Era o início de uma grande viagem a todos os tempos, nos 58 anos de um dos pontos mais conhecidos do Rio de Janeiro. Seguiriam-nas as lanterninhas de cinema com lanternas de verdade na mão, pracinhas da FEB, estudantes caras-pintadas, militantes políticos em protestos contra a ditadura, mendigos, melindrosas e bailarinas. Estas últimas foram um show à parte. Coreografadas como em um corpo de baile, as passistas da ala que representou o Theatro Municipal sambavam em uma cadencia estilizada, que arrancava aplausos na medida que evoluiam. A Portela também inovou este ano, ao inserir o mestre-sala Fabrício e a porta-bandeira Cristiane adiante da Comissão de Frente da escola. Mas não parou por aí. Um dos foliões, dependurado no beiral do camarote, pasmou-se diante da ala de mulheres negras em trajes azuis: - A Portela já ganhou o carnaval. É tudo muito bonito - disse, em estado de graça. Na metade para o fim do espetáculo, o defeito em um dos carros alegóricos fez a Portela improvisar. Dividiu a ala "Grandes Sociedades", que vinha logo atrás, e passou parte dela para frente do carro, o que não prejudicou tanto a evolução do desfile. Para os fotógrafos, no entanto, show mesmo foi o da rainha da bateria, a modelo e apresentadora de TV Adriane Galisteu. Em um corpete dourado, cintilante e transparente, a sambista se divertia com a avidez dos flashes que registravam cada sorriso, cada gesto. Na disputa pela atenção do público, sua maior concorrente foi mesmo a Velha Guarda, que este ano ganhou destaque extra em cima do último carro a desfilar. Com direito a um chopp de verdade no bar Amarelinho - motivo que decorou aquela alegoria - os integrantes mais antigos da Portela foram aplaudidos na avenida. Mereceram também o aplauso do público os garçons com bandejas de chope e capacetes reproduzindo o "Amigo da Onça", do cartunista Péricles, e a ala das melindrosas de J. Carlos. O cartunista Lan, imortalizado em suas mulatas esculturais, também participou do desfile. - A escola está linda e com tudo para ganhar esse carnaval - disse Paulinho da Viola, integrante da Velha Guarda que segurou o público na Marquês de Sapucaí até o último acorde no cavaquinho. Acadêmicos começa mal A Acadêmicos de Santa Cruz iniciou a primeira noite do Grupo Especial com o enredo "Do teatro universal à ribalta do carnaval". Falou do universo dos palcos

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