Firme no BC, até março, Meirelles descarta mudanças no compulsório

Arquivado em:
Publicado Terça, 29 de Setembro de 2009 às 10:07, por: CdB

Presidente do Banco Central, Henrique Meirelles disse, nesta terça-feira, que as medidas da véspera sobre o compulsório terão efeito neutro no mercado em termos de liquidez e que não há novas mudança à vista nesse segmento.

– Do ponto de vista agregado, não há alteração... Não há novas mudanças à vista – afirmou, durante discurso em São Paulo ao comentar o anúncio de segunda-feira.

O BC reverteu parcialmente o estímulo para que as instituições financeiras comprem ativos de bancos menores. A entidade determinou que as instituições financeiras só poderão abater do compulsório sobre depósitos a prazo os ativos comprados de bancos que tenham patrimônio de referência de até 2,5 bilhões de reais, considerados de pequeno porte.

Meirelles também disse que o mercado de câmbio está mais cauteloso que antes da crise e que é preciso relativizar a queda do dólar, olhando para as outras moedas, já que o movimento de baixa da divisa norte-americana ocorre em todo o mundo. Ele afirmou ainda que nos últimos anos o real passou a reagir mais às commodities e à aversao a risco, mas alertou que os analistas precisam considerar também outros fatores estruturais para realizar previsões de médio prazo, como a conta corrente.

Meirelles reiterou que não faz previsões sobre juros e que a projeção de inflação em 2010 – horizonte relevante para a política monetária atual, segundo ressaltou – permanece pouco abaixo do centro da meta, a 4,4%, de acordo com o último Relatório de Inflação da entidade. O BC reverteu parcialmente o estímulo para que as instituições financeiras comprem ativos de bancos menores após diagnosticar uma "paulatina recuperação" no mercado de crédito doméstico.

O BC determinou que as instituições financeiras só poderão abater do compulsório sobre depósitos a prazo os ativos comprados de bancos que tenham patrimônio de referência de até R$ 2,5 bilhões, considerados de pequeno porte. Meirelles também disse que o mercado de câmbio está mais cauteloso que antes da crise e que é preciso relativizar a queda do dólar, olhando para as outras moedas, já que o movimento de baixa do dólar ocorre em todo o mundo.

Candidatura

Ainda no evento em que participou, pela manhã, Meirelles afirmou que permanecerá à frente da instituição até março de 2010, independentemente de uma eventual filiação a um partido político.

– No momento, estou 100% no BC e essa é uma decisão que tem implicações políticas, caso eu considere a carreira política no futuro – disse Meirelles. Ele informou que deve decidir sobre a filiação nesta semana.

O presidente do BC participou nesta manhã, em São Paulo, do seminário O Brasil Saindo da Crise, promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide).

No encontro, ele reiterou que o Brasil vive um momento positivo de retomada de crescimento econômico, após a crise financeira internacional iniciada em setembro de 2008. Ele voltou a destacar a importância das medidas anticíclicas adotadas pelo governo, como as mudanças aprovadas ontem (28) sobre os depósitos compulsórios (dinheiro que os bancos são obrigados a recolher ao BC) a prazo, para garantir a liquidez.

Essa obrigação foi reduzida de 15% para 13,5%. A medida vale até 31 de março do ano que vem.

Juros em queda

As taxas de juros cobradas nas principais modalidades de empréstimo caíram em agosto, segundo dados do Banco Central, divulgados nesta terça-feira. A taxa geral passou de 36% ao ano, em julho, para 35,4% ao ano, em agosto. Para as pessoas físicas, os juros anuais caíram de 44,9% para 44,1%, no mesmo período. No caso das empresas, a taxa geral passou de 26,7% ao ano para 26,4% ao ano.

Apesar de ainda ser uma taxa alta, os juros cobrados pelo uso do cheque especial caíram 6,3 pontos percentuais de julho para agosto, chegando a 167,3% ao ano. Esse percentual é o menor desde junho de 2008 (159,1% ao ano). A taxa cobrada pelo crédito pessoal, o que inclui operações consignadas em folha, passou de 44,8% ao ano, em julho, para 44,3% ao ano, em agosto.

Fator que ajuda a abalizar os juros no país, a taxa média de inadimplência das operações de crédito se manteve em 5,9% em agosto, o mesmo percentual do mês anterior, segundo dados divulgados hoje (29) pelo Banco Central (BC). Essa taxa continua, portanto, sendo a maior desde o início da série histórica do BC, em junho de 2000. No caso específico das empresas, a taxa subiu de 3,8%, em julho, para 3,9%, no mês passado. Para as pessoas físicas, houve redução de 8,5% para 8,4%.

A taxa de inadimplência se refere ao percentual do saldo em atraso acima de 90 dias em relação ao total.

Tags:
Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo