Família culpa PM por morte de refém durante assalto em Copacabana

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Publicado Quinta, 05 de Dezembro de 2002 às 21:59, por: CdB

A família de Aparecida do Prado Saade, morta ontem em Copacabana (zona sul do Rio), acusa a PM (Polícia Militar) de ter dado o tiro que a matou. Ela foi morta quando, com o marido, era refém de um assaltante que entrara na Parati do casal. No carro, estacionado até esta noite em frente à 13ª DP (Delegacia de Polícia), havia pelo menos 23 perfurações de bala. A polícia já apreendeu seis armas de PMs que participaram da ação, que começou com a assalto à imobiliária Palmares, no bairro. Durante a fuga dos assaltantes, Aparecida foi morta. O advogado da família e cunhado da vítima, Marcolino Neves, definiu a morte de Aparecida como um "massacre". Segundo Neves, o marido de Aparecida, Racib Abdala Saade, foi surpreendido pelo assaltante, que abriu a porta do motorista, na avenida Atlântica, e gritou: "Abra a porta, me tira daqui senão eu te mato". Saade abriu a porta e o assaltante entrou no carro, sentou-se atrás do banco do carona, onde estava Aparecida, e manteve o tempo todo uma arma apontada para a cabeça do motorista. "Mas o trânsito estava muito congestionado e ele não conseguiu andar muito longe. Meu cunhado afirmou que viu entre oito e dez policiais militares fardados e avistou duas patamos [carros] da PM", disse Neves. O advogado afirmou que Saade gritou para os policiais que não atirassem, pois o assaltante iria se entregar. "A resposta foi crivar o carro de bala. Lamento dizer isso, mas entendo isso como execução. O trânsito estava congestionado, o carro estava parado e não tinha para onde fugirem. A polícia tinha que cercar o carro e negociar, não atirar. Isso nos deixa revoltados. Esse é mais um caso que vai para as estatísticas ", afirmou Neves. O relações-públicas da PM, major Frederico Caldas, disse ter provas de que os tiros que atingiram o carro dos Saade partiram de seguranças de lojas de Copacabana. "É lamentável que mesmo na dor as pessoas se voltem contra a PM. A população tem que destilar o ódio contra os marginais. Será que ele [Saade] tem condições de afirmar isso? Repudiamos qualquer declaração leviana, mas entendemos a dor. Temos testemunhas que dizem ter sido seguranças que atiraram. Os exames de balística vão provar o que aconteceu", disse ele, que anunciou abertura de sindicância interna para apurar as circunstância da morte de Aparecida. Dois dos cinco participantes do assalto ainda estão sendo procurados pela polícia. Os outros três foram presos. Segundo o delegado da 13ª DP, Ivo Raposo, já foram ouvidas dez pessoas. O resultado da perícia do carro e do exame de balística, que indicará a arma de onde partiu o tiro fatal, deve sair em 30 dias. Aparecida é irmã do diplomata Dercy Ribeiro do Prado, responsável pelo cerimonial do Itamaraty. O enterro de Aparecida, nesta tarde no Cemitério São João Batista, foi acompanhado por cerca de 70 pessoas.

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