Falta de acordo pode comprometer circulação de bondes em Santa Teresa

O presidente da Comissão de Trabalho, Legislação Social e Seguridade Social da Assembléia Legislativa do Rio, deputado Paulo Ramos (PDT), vai interceder junto à Companhia Estadual de Engenharia de Transportes e Logística (Central) para tentar solucionar a situação dos trabalhadores dos bondes que circulam por Santa Teresa, bairro do Centro do Rio.

— Vou solicitar uma revisão do Plano de Demissão Voluntária (PDV) e da suspensão das férias. Tem que haver um tratamento mais respeitoso com os funcionários que conseguem manter os bondes circulando até hoje. Já são 111 anos de história —, alertou o parlamentar.

A revelação sobre a tentativa de acordo entre a empresa que administra o serviço e seus funcionários foi feita durante audiência pública realizada nesta sexta-feira, para discutir a privatização dos transporte sobre trilhos de Santa Teresa. De acordo com o sindicato da categoria, a circulação dos bondes poderá ficar comprometida caso não haja avanço nas negociações.

De acordo com Carlos Eduardo Fagundes, chefe de gabinete da presidência da Central, existe uma política de Governo para enxugar o quadro de funcionários da companhia.

— Estamos oferecendo um incentivo de 10% a mais do que determina a Consolidação das Leis de Trabalho (CLT) e, até agora, 134 pessoas aderiram ao PDV. Mantemos reuniões semanais com o sindicato para explicar todo o processo —, apontou.

Fagundes garantiu ainda que a empresa está fazendo tudo com bastante clareza para não prejudicar seus 2 mil funcionários, que, durante a audiência, demonstraram insatisfação com o tratamento dispensando pela Central. Segundo Severino Ramos, representante do Sindicato Central do Brasil, faltam informações sobre o plano de demissão, e o acordo coletivo, firmado em 2004, não está sendo cumprido.

— O acordo garantia tíquetes de alimentação para os 30 dias do mês, mas a companhia modificou-o para recebermos somente em dias úteis. Procuramos a Delegacia Regional do Trabalho (DRT) e solucionamos a questão. Agora, foram suspensas as férias de janeiro com somente um mês de antecedência. Muitos trabalhadores já tinham se planejado —, disse Severino Ramos.

Para o líder síndical, a saída de trabalhadores poderá prejudicar a circulação dos bondes. A informação foi confirmada pelo coordenador do Sistema de Bondes da Central, José Valadão Duarte, que, atualmente, conta com 51 funcionários para a operação de quatro veículos em dois turnos.

— Não tenho condição de perder mais trabalhadores. Com a chegada dos bondinhos reformados serão necessários mais maquinistas e cobradores para o serviço funcionar corretamente —, explicou Duarte, que anunciou que o primeiro carro restaurado já está na garagem da empresa e deverá começar a rodar em breve.

A restauração das vias permanentes também foi tema do encontro. Segundo Valmir Martins, chefe de Departamento de Operação da Central, dos 17 quilômetros de extensão da linha dos bondes, seis já estão totalmente reformados, e, dos 31 Aparelhos de Mudança de Via (AMV), usados para que os veículos passem de um trilho para outro, 21 já foram trocados.

— O serviço é muito difícil de ser realizado, pois só trabalhamos na parte da noite, para não atrapalhar a circulação dos bondes. Estamos somente esperando um aditivo no contrato para a complementação do trabalho —, anunciou.

Esta não é a primeira audiência realizada para discutir a situação dos bondes de Santa Teresa na Alerj. Em agosto, a comissão promoveu um encontro entre os moradores do bairro e o secretário de Estado de Transportes, Julio Lopes, para buscar uma solução para o problema, que envolve a revitalização e a restauração dos veículos sobre trilhos que circulam pelo Centro do Rio.

Na ocasião, o presidente da Associação de Moradores de Santa Teresa (Amast), Paulo Saad, apresentou um abaixo-assinado de 200 folhas pedindo que o transporte seja mantido e que as vias e os carros sejam reformados. No final