F1 será obrigada a largar o vício do cigarro

Arquivado em:
Publicado Terça, 11 de Janeiro de 2005 às 13:31, por: CdB

A Fórmula 1, que tenta reduzir seus custos para ajudar as equipes pequenas a sair da crise, será forçada a encarar, este ano, a realidade de que a era dos patrocínios de tabaco está chegando ao fim .

A Federação Internacional de Automobilismo (FIA) previu em 2002 que as empresas de tabaco contribuíam com 350 milhões de dólares por ano no automobilismo, e a Fórmula 1 era a principal beneficiada.

A partir de 31 de julho, a União Européia vai proibir todas as propagandas de cigarro impressas ou no rádio além de vetar eventos patrocinados por empresas de tabaco.

Apesar de outros esportes, como sinuca e dardos, também serem afetados, a Fórmula 1 será a principal prejudicada.

"Se perdermos o patrocínio do tabaco na Fórmula 1 acontecerá uma ruptura", afirmou o empresário da Fórmula 1 Bernie Ecclestone antes da temporada passada. "As pessoas não percebem como isso seria ruim."

Metade das 10 equipes na Fórmula 1 -- Ferrari, McLaren, Renault, Jordan e BAR -- foram substancialmente financiadas por marcas de cigarro em 2004.

A Fórmula 1 havia acertado voluntariamente acabar com o tabaco em 2006, mas o presidente da FIA, Max Mosley, disse no ano passado que a proibição da UE havia retirado algumas corridas da Europa.

A campeã mundial Ferrari, que recebe cerca de 60 milhões de dólares por ano da Phillip Morris para estampar a marca Malboro, disse que continuará com o patrocínio do tabaco por quanto tempo for permitido.

A BAR foi fundada pela British American Tobacco (BAT), mas após investir milhões de dólares -- 87 milhões em 2003 -- a empresa está começando a sair do esporte e vendeu 45 por cento da equipe para a Honda.

Uma reportagem em dezembro disse que a McLaren estaria abandonando o patrocínio da marca de cigarros West. A equipe respondeu que deve abrir a temporada com o patrocínio, mas que a lei da UE deve encerrar o contrato.

O problema é que não é tão simples substituir o patrocínio das empresas de tabaco por outros.

A Williams desistiu do tabaco no final da temporada 1999, e um dos atuais patrocinadores é a NiQuitin CQ, que produz remédios para acabar com o vício da nicotina.

"Fizemos isso porque sabíamos que ia cair, mas não sabíamos quando nem como", disse o chefe de marketing da Williams, Jim Wright. "Continuar seria uma aposta arriscada em nosso futuro financeiro."

O chefe da equipe, Frank Williams, disse no ano passado que os patrocínios de empresas "normais" são entre 25 e 30 por cento menores do que das empresas de tabaco.

Outra solução para a Fórmula 1 escapar da proibição da União Européia é realizar mais provas fora da Europa. China e Barein entraram no calendário ano passado, e a Turquia faz sua estréia em 2005.

Esses países, algumas vezes, oferecem maior abertura para as marcas de cigarro, e o que é muito importante para as empresas de tabaco, têm um mercado em expansão.

"As companhias de tabaco já estão estabelecidas nos países em desenvolvimento", disse Deborah Arnott, do grupo britânico antitabagista Action on Smoking and Health (ASH).

"Existe cerca de cinco milhões de pessoas por ano morrendo por causa do cigarro atualmente, e fica dividido meio a meio entre o mundo desenvolvido e o subdesenvolvido."

"Até 2030, esse número será de 10 milhões, mas a divisão será de 30 por cento nos países desenvolvidos e 70 por cento nos subdesenvolvidos."

Tags:
Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo