O ex-oficial soviético Viktor But denunciou neste domingo (8) o caráter injusto do sistema judiciário dos Estados Unidos, após ser condenado a 25 anos de prisão sem provas contundentes, segundo indicaram meios de comunicação do país.
Pouco depois de conhecer sua sentença, menor que a prisão perpétua solicitada pela promotoria norte-americana, But declarou ao canal NTV que se tratou de uma espécie de inquisição, onde era necessário confessar "ter pecado com o diabo", declarou.
O comerciante russo assinalou que a cada momento buscou-se lavar o cérebro dos 12 membros do júri que o considerou culpado de atentar contra a vida de estadunidenses.
Apenas com a frase "matar norte-americanos" era quase impossível ganhar um julgamento no país, considerou But, que se mostra pessimista sobre uma apelação do veredito, segundo o qual também deve pagar uma multa de US$ 25 milhões.
"O julgamento demonstrou quem se crê dono do mundo. Se engolirmos isso e ficarmos de braços cruzados, significará que a Rússia perdeu toda a jurisdição sobre seus cidadãos e que estamos a mercê das leis norte-americanas", opinou.
A promotoria baseou-se em depoimentos de agentes encobertos do Birô Federal de Investigações (FBI) que simularam ser representantes de um grupo guerrilheiro sul-americano, fazendo uma oferta de compra de armamentos. Toda a operação foi uma farsa.
No entanto, baseado em suposições sobre as intenções de But, a parte acusadora considerou que as armas que seriam vendidas pelo acusado seriam empregadas para ataques contra cidadãos estadunidenses.
Ontem, o ministro russo do Exterior, Serguei Lavrov, adiantou que em sua próxima visita a Washington tratará o caso de But com a secretária de Estado norte-americana.
Por seu lado, a Chancelaria russa considerou a decisão injusta e preconceituosa. Já o ministério de Justiça apelará a uma convenção Européia de 1983 que prevê o deslocamento de prisioneiros para conseguir que o ex-oficial cumpra sua pena em prisões russas.
But foi preso em 2008 na Tailândia, como parte de uma suposta operação policial internacional para capturar um traficante de armas, mas as autoridades do país asiático não apresentaram nenhuma acusação e, em 2010, o ex-oficial foi levado aos Estados Unidos.
O traslado para uma prisão estadunidense é considerado efetivamente um sequestro, pois Washington jamais avisou a Rússia sobre a viagem de But.
Fonte: Prensa Latina
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