Evo Morales volta a pedir na ONU descriminalização da folha de coca

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Publicado Segunda, 12 de Março de 2012 às 11:46, por: CdB
Evo Morales volta a pedir na ONU descriminalização da folha de coca

Por: Redação da Rede Brasil Atual

Publicado em 12/03/2012, 17:34

Última atualização às 17:34

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São Paulo – O presidente da Bolívia, Evo Morales, voltou a cobrar hoje (12) a Organização das Nações Unidas (ONU) por causa da criminalização da mastigação da folha de coca. “Quero pedir a atenção da comunidade internacional para contribuir na correção de um erro histórico que se cometeu contra o povo boliviano”, afirmou, durante a abertura do 55º Período de Sessões da Comissão de Narcóticos da ONU.

A Bolívia decidiu protestar no ano passado contra um artigo da Convenção Única contra Entorpecentes, de 1961, que vê a folha de coca como substância psicotrópica proibida – o que, na teoria, significaria a ilegalidade da mastigação de coca, o acullico, hábito praticado por mais de 60% da população boliviana, além de moradores do sul peruano e do norte do Chile. A denúncia apresentada por Morales leva a uma discussão sobre a revisão da medida.

Durante seu discurso, o presidente lembrou que a convenção foi, no caso boliviano, firmada em 1976 pela ditadura do militar Hugo Banzer. “Um dos atos mais unilaterais de um governo autoritário, e não uma decisão democrática da população e das instituições bolivianas”, afirmou o político, que tem origem no movimento de produtores de coca da região do Chapare, na região central da nação sul-americana.

No ano passado, o Legislativo aprovou projeto para revogar a assinatura do tratado por considerar que entra em conflito com a nova Constituição nacional, que reconhece o direito ao acullico. Na campanha para convencer as demais nações sobre a necessidade de rever o acordo internacional, o Executivo boliviano promoveu uma campanha de mastigação e lançou um refrigerante à base de folhas de coca. 

Os Estados Unidos acusam a Bolívia de ser um dos centros produtores de cocaína e pedem a redução das áreas produtoras de coca. Morales mostrou na reunião informações dando conta do combate ao cultivo ilegal, mas lembrou que a população de seu país tem direito à cultura familiar do vegetal em forma de arbustos, além das lavouras nas reservas naturais do centro e da Amazônia bolivianos. 

“Quero ressaltar que em nenhum momento a Bolívia atua de forma intempestiva ou irresponsável. Pelo contrário, nossa solicitação de readesão (ao tratado) com reservas procura normalizar nossas relações com a convenção e os mecanismos institucionais que derivam dela”, disse Morales. 

Em 2009, o presidente já havia feito um duro discurso na ONU contra a criminalização do hábito milenar das populações do altiplano sul-americano. Durante a Assembleia Geral, segurando uma folha, ele afirmou que “não é possível que a folha de coca seja legal para a Coca-Cola, e a folha de coca seja ilegal para consumos medicinais no nosso país”.

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