O governo Bush preparou um plano para intensificar a pressão política e financeira sobre a Coréia do Norte, caso o país não abandone seu esforço de construir armas nucleares. Ainda, a meta final do plano americano consistiria em levar os norte-coreanos a enfrentar o prospecto de um colapso econômico. As informações foram confirmadas por autoridades do governo dos EUA. Sob a nova política, os países vizinhos seriam encorajados a reduzir as ligações com a Coréia do Norte; o Conselho de Segurança da ONU poderia apresentar ameaças de sanções econômicas, e os militares americanos poderiam interceptar carregamentos de mísseis, privando a Coréia do Norte dos fundos alcançados com a venda de armas. As autoridades do governo afirmaram que a ameaça de crescente isolamento é o melhor caminho para forçar a Coréia do Norte a abandonar suas ambições nucleares e, diante de uma recusa, derrubar o atual regime. Segundo afirmam as autoridades, pelo plano, que qualificam como "contenção planejada", elas estariam inclinadas a negociar com Pyongyang, mas apenas se o país acabar com seu programa de armas nucleares. A oferta de novos incentivos, sustentam as autoridades, seria capitular à chantagem e recompensar o regime norte-coreano por não manter os compromissos anteriores. "O plano é chamado 'contenção planejada' porque esta é uma situação completamente diferente do Iraque ou Irã", afirmou uma alta autoridade do governo. "O plano se concentra na criação de um estresse político e econômico. E requer máxima cooperação multinacional". A situação na Coréia do Norte se deteriorou recentemente e a Agência Internacional de Energia Atômica afirmou no sábado que retiraria dois de seus inspetores na terça-feira, a pedido da Coréia do Norte, que estaria desafiando obrigações internacionais. Alguns especialistas afirmam que a postura mais rígida da administração Bush pode ter levado os norte-coreanos a expandir seu programa de armas nucleares e que a política de contenção de Washington não possui um elemento vital: a abertura de um canal diplomático com a Coréia do Norte. "Eu creio que a retórica austera da administração Bush e suas políticas para a Coréia do Norte assustaram os norte-coreanos e estes possivelmente concluíram que o único meio para garantir sua segurança é enfrentar o mundo ao adquirir um substancial arsenal nuclear", afirmou Robert Einhorn, associado do Centro de Estudos Internacionais e Estratégicos que liderou as negociações com os norte-coreanos durante o governo Clinton. A nova política de contenção do governo Bush, Einhorn assegurou, "é uma aposta que o regime norte-coreano entrará em colapso antes de adquirir um arsenal nuclear que ameace a estabilidade da Ásia Oriental". Ele acrescentou: "E também uma aposta que nossa relação com nosso aliado sul-coreano pode sobreviver a um período extenso de isolamento e pressão sobre a Coréia do Norte. Negociar com a Coréia do Norte possui seus fatores negativos, mas estes devem ser avaliados diante dos riscos de não se negociar".
Rio de Janeiro, Quarta, 17 de Abril de 2024
EUA preparam plano para aumentar a pressão sobre a Coréia do Norte
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Publicado Domingo, 29 de Dezembro de 2002 às 22:16, por: CdB
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