EUA num perigoso isolamento

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Publicado Terça, 04 de Março de 2003 às 16:32, por: CdB

A situação atual, depois de um fim-de-semana decisivo, não deixa dúvidas - se insistir em mudar o mapa do Oriente Médio, numa guerra misto de cruzada-imperial-colonial, os EUA irão sozinhos, com as más companhias dos ingleses, italianos e espanhóis. E poderão deixar atrás dois destroços - o de uma União Européia dividida e de uma ONU enfraquecida. Enquanto Bush se indispõe com os países árabes, o francês Chirac, como mostrou sua acolhida triunfal em Argel, desponta como o triunfador destes dias de pré-guerra. E não há mais dúvida, se a questão da Guerra chegar ao conselho de segurança - a França usará do veto, assim como a Rússia e a China. Obcecado pela idéia de mudar o Oriente Médio, Bush vai mudar o quadro das estratégias no Ocidente e sua guerra poderá ser ainda mais danosa para os americanos que a guerra do Vietnã. Que argumento têm agora os EUA, se o Iraque decidiu destruir os mísseis Al-Samoud 2? A aceitação por Sadam de destruir esses mísseis acabou com o último argumento americano possível. A negativa do parlamento turco, quando o governo já havia cedido, de permitir o uso de seu território pelas tropas americanas, elimina o domínio do fronte norte pelos americanos. Entretanto, é a decisão da Liga Árabe de condenar a guerra que surge como o fator mais importante do fim-de-semana, pois revela um começo de união árabe. Dessa decisão fez parte a Arábia Saudita. Na verdade, os países árabes começam a se preocupar com a nova estratégia americana, na região, e se perguntam, quem será o próximo depois do Afganistão e Iraque? O fato da França e Rússia, que também têm grandes interesses no petróleo iraquiano, enfrentarem os EUA, parece demonstrar que, em lugar de uma posse tranquila do petróleo iraquiano pelos EUA de cuja partilha não participariam, eles apostam num outro Oriente Médio não previsto pelos neoconservadores americanos. Nas antigas cruzadas, das quais participavam tambem Bagdá e os reis católicos franceses, houve muitas surpresas e alianças imprevisíveis. Agora é só esperar o 13 de março, data da guerra segundo o jornal Sun , de Londres.

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