EUA fazem reunião sobre o pós-guerra com líderes iraquianos

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Publicado Terça, 15 de Abril de 2003 às 05:14, por: CdB

Os Estados Unidos fazem o primeiro movimento formal nesta terça-feira para estabelecer um novo governo no Iraque. Representantes de grupos de oposição no exílio estão sendo levados de avião até uma base militar perto de Nasiriya para se encontrar com líderes religiosos e tribais que ficaram no país. Autoridades americanas dizem que a reunião é a primeira de uma série e que haverá um debate substancial antes de qualquer tentativa de formar um governo interino. Mas existe a preocupação de que o alívio no Iraque com a queda de Saddam Hussein possa se transformar em ressentimento em relação ao que muitos vêem como ocupação americana, segundo Malcom Brabant, correspondente da BBC no Kuwait. Boicote A reunião será dirigida pelo enviado americano Zalmay Khalilzad, que teve um papel semelhante na preparação de um governo interino no Afeganistão. Também participa da reunião Jay Garner, o general aposentado que foi indicado pelo governo dos Estados Unidos para administrar o Iraque no pós-guerra até a instalação de um governo interino. Mas um dos principais grupos xiitas, o Conselho Supremo para Revolução Islâmica no Iraque - baseado no Irã - está boicotando a reunião em protesto contra o papel dos Estados Unidos. Especialistas dizem que viablizar um acordo entre os diversos grupos étnicos e religiosos no Iraque não será fácil. Xiitas Eles ressaltam, porém, que o sucesso de toda a campanha dos EUA no Iraque depende de os americanos conseguirem bons resultados na criação de um novo governo no Iraque. O analista da BBC Sadeq Saba diz que a posição dura do Conselho Supremo para Revolução Islâmica no Iraque indica que há uma profunda desconfiança entre grupos xiitas iraquianos e os Estados Unidos. Os xiitas iraquianos temem que Washington esteja planejando impor um governo pró-americano em seu país, e Washington não quer que os grupos xiitas pró-iranianos tenham um papel de destaque no futuro do Iraque. Os xiitas constituem cerca de 60% da população do Iraque e o Conselho Supremo para Revolução Islâmica no Iraque - que tem cerca de 15 mil combatentes - é considerado um dos grupos de oposição mais organizados do Iraque. Modelo Um dos líderes da oposição no exílio Ahmed Chalabi não vai participar da reunião desta terça, embora o seu Congresso Nacional Iraquiano esteja representado. Em uma entrevista ao jornal francês Le Monde, publicada na segunda-feira, Chalabi disse que não tem a intenção de assumir um papel político. Ainda não está claro qual o papel que os Estados Unidos vão permitir que a Organização das Nações Unidas (ONU) tenha na criação do novo governo do Iraque. No encontro desta terça-feira, a ONU tem o status de observador. O general Garner disse que o progresso na cidade portuária de Umm Qasr será usado como um modelo para a tentativa de criação de um governo democrático no país. A participação de líderes mais velhos em Umm Qasr ajudou as pessoas da cidade a iniciar um processo democrático e projetos cívicos, segundo ele. De acordo com o general, o principal objetivo da reunião é usar o diálogo para permitir que surjam potenciais líderes iraquianos para administrar o país.

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