Erros de Temer na diplomacia desgastam a imagem do Brasil

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Publicado Sábado, 30 de Julho de 2016 às 12:48, por: CdB

A sequencia de erros na diplomacia brasileira tem causado o desgaste sistemático da imagem do país junto à comunidade internacional

 
Por Redação, com agências internacionais - de Brasília, Caracas e Pequim
  Após gerar um impasse artificial junto ao Mercosul, ao vetar a transferência da Presidência do bloco econômico latino-americano à Venezuela, o presidente de facto, Michel Temer, mandou seu agente golpista, no Itamaraty, exonerar o chefe do cerimonial, embaixador Fernando Igreja, responsável por toda a organização da recepção de chefes de Estado da Rio 2016, por questões políticas.
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O ministro Fernando Igreja (D) foi exonerado por uma decisão política de Michel Temer
Em declarações atribuídas a fontes ouvidas, neste sábado, a agência inglesa de notícias Reuters informa que o embaixador foi retirado do cargo por sua lealdade ao governo da presidenta Dilma Rousseff, ao qual serviu como chefe do cerimonial do Itamaraty por três anos e meio. Igreja nunca escondeu seu apoio ao governo eleito, democraticamente. O governo tenta tratar a saída de Igreja – que será enviado para chefiar a embaixada brasileira em Cuba – como uma mudança de rotina. A informação oficial do Itamaraty é que o embaixador está saindo "a pedido" para iniciar seu período no exterior. A amigos, o próprio Igreja diz que estava cansado e repete a versão oficial de que surgiu a oportunidade de assumir a embaixada. Na organização dos Jogos do Rio, no entanto, a mudança repentina provocou apreensão, especialmente entre os que cuidam diretamente da organização da recepção e da segurança dos chefes de estado. Até agora são 50 confirmados e cerca de 30 com "indicações de presença" – desses, a maior parte virá, mas por questões de segurança a confirmação só é feita nas últimas horas. — São milhares de detalhes que ainda precisam ser decididos nos próximos sete dias. Ele tinha tudo na cabeça — disse uma das fontes. Um dos problemas para a organização é que nem mesmo há um substituto indicado. O cargo deve ser assumido interinamente por outro diplomata, o ministro João Mendes, que, apesar de não ser do cerimonial, vinha auxiliando Igreja. Outros dois conselheiros estão tocando o dia a dia. Mas, de acordo com a fonte, apesar de conhecerem bem a organização, não têm a autoridade de Igreja. De acordo com outra fonte, a saída de Igreja a uma semana do início das Olimpíadas não se justifica, já que, mesmo indicado para a embaixada em Cuba, serão alguns meses para o embaixador assumir o cargo. A comunicação ainda precisa ser feita ao governo do país, que precisa então dar o chamado agrèment, o aceite ao novo embaixador. Depois disso, Igreja precisa passar por uma sabatina no Senado. Uma semana não teria alterado substancialmente esse processo, diz a fonte. Igreja cuida da recepção de chefes de estado no país desde a metade de 2012. Chefiou a organização do cerimonial da Copa do Mundo, em 2014, e todas as visitas de estado ao Brasil desde então, além de eventos como o BRICS, em Fortaleza, em 2014. Nas Olimpíadas, trabalha há pelo menos um ano na organização. Discreto, o embaixador era sempre visto nos bastidores dos eventos, mas sem ser protagonista. Virou notícia há cerca de um ano quando, ao assumir interinamente a chefia do cerimonial do Planalto pois seu titular, Renato Mosca, estava em licença médica, barrou a entrada de Dilma Rousseff em um cerimônia porque a passagem estava bloqueada pela entrada de atletas cadeirantes, que seriam homenageados. Levou uma bronca da chefe, o que não o impediu de manter a simpatia pelo governo. Fontes ouvidas pela Reuters confirmam que Igreja tinha um ótimo relacionamento com Dilma. Em sua página em uma rede social, podem ser vistos posts compartilhando notícias como a de que a perícia do Senado não via responsabilidade da presidente afastada nos decretos usados com base para o impeachment ou abaixo-assinados contra o impedimento da presidente. A posição política do embaixador incomodava os golpistas liderados por Michel Temer, confirma uma fonte, e também ao ministro das Relações Exteriores, José Serra – que, ainda assim, manteve uma boa relação com Igreja nos dois últimos meses. Os dois estiveram juntos na semana passada em uma reunião sobre as Olimpíadas, no Palácio do Planalto e, depois, em uma audiência com o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.

Resultado do golpe de Temer

Diante o golpe de Estado, em curso, e o consequente aumento da criminalidade no país, o Ministério das Relações Exteriores da China emitiu um alerta de segurança para turistas chineses que visitam o Brasil para as Olimpíadas, informou neste sábado o jornal oficial China Daily. O Ministério alertou turistas chineses a deixarem joias e relógios em seus hotéis, não carregarem mochilas ou utilizarem telefones celulares, acrescentando que eles não devem tentar lutar com ladrões, segundo a reportagem, citando uma declaração do Ministério de Relações Exteriores. O jornal disse que quatro funcionários chineses da Agência Antidoping da China foram vítimas de um assalto à mão armada dois dias depois de chegar.
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