Por Redação, com ABr – de Trípoli:
Pelo menos 85 corpos de refugiados foram encontrados nos últimos cinco dias nas praias do litoral da Líbia, informou nesta segunda-feira uma organização de apoio humanitário que trabalha na região.
Os voluntários do Crescente Vermelho recuperaram, desde o dia 29 de setembro, 85 corpos em estado de decomposição, que chegaram às praias localizadas entre Tripoli e Sabratah, cidade costeira a 66 quilômetros (km) a oeste da capital Trípoli, disse, em declaração à agência France Press, Mohamad Al Misrati, porta-voz da organização humanitária não governamental, ligada à Cruz Vermelha Internacional.
O representante do Crescente Vermelho não deu informações sobre os países de origem das vítimas.
A Guarda Costeira líbia informou nesta segunda-feira que foram resgatadas 212 pessoas, incluindo 22 mulheres, que estavam a bordo de dois botes. A operação ocorreu ao largo de Garaboulli, a 60 km a leste de Trípoli.
– Recebemos informações que indicavam a presença de dois grandes botes, disse um oficial da Guarda Costeira líbia, acrescentando que a maioria dos imigrantes era proveniente do Senegal e do Sudão.
Com 1.770 km de costa, a Líbia tornou-se ponto central da imigração ilegal, que tem como destino a Europa.

A ausência de controle na fronteira, os meios limitados da Guarda Costeira e o caos na Líbia (país dividido por violenta disputa entre duas autoridades rivais) têm sido os fatores que mais contribuem para o aumento do número de refugiados.
A grande maioria dos imigrantes tenta alcançar a ilha italiana de Lampedusa, ao sul da Sicília, a pouco mais de 300 km da costa líbia.
Aproximadamente 515 mil imigrantes atravessaram o Mediterrâneo desde o início do ano e cerca de 3 mil morreram ou estão desaparecidos, segundo o mais recente relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).
Alemanha
Cerca de 1,5 milhão de refugiados vão chegar à Alemanha este ano, segundo informações de vários meios de comunicação do país, baseadas em documento confidencial do governo.
Os cálculos mostram que o número é quase o dobro dos 800 mil refugiados que têm sido registrados até agora, apesar de vários representantes do governo já terem indicado que o valor será corrigido para cima.
O documento, citado, entre outros, pelo diário Bild, informa que, entre outubro e dezembro, 920 mil pessoas que pedem asilo entrarão na Alemanha, número que deverá chegar a 1,5 milhão no ano, somando os dados dos meses anteriores.
O documento mostra ainda o receio de que o elevado fluxo de refugiados cause um colapso na capacidade de acolhimento dos municípios e estados.
Outro aspecto citado no documento diz respeito ao impacto para a família daqueles a quem for reconhecido o direito de asilo.
Devido à estrutura familiar dos países de origem, cada refugiado deve trazer para a Alemanha de quatro a oito pessoas.
Cultura e leis
O ministro do Interior alemão, Thomas de Maiziere, exigiu na última sexta-feira aos refugiados que respeitem a cultura e as leis do país que os recebe, depois dos primeiros tumultos em centros de acolhimento.
Aceitar as leis e os valores alemães significa “que digam o verdadeiro nome e país de origem aos funcionários, não lutar, ter paciência e respeitar os outros, independentemente da religião ou sexo”, destacou o ministro numa intervenção no Parlamento (Bundestag), em Berlim.
De Maiziere ressaltou também o direito de todos os requerentes de asilo de serem tratados “em paz, com respeito e dignidade”.
O ministro garantiu que vai atuar “com toda a força do Estado de Direito” contra “os disparates ultradireitistas” e perante o forte aumento dos delitos contra estrangeiros, que já chegaram, disse, a tentativas de homicídio.
O ministro do governo de Angela Merkel apresentava no Bundestag as reformas legais para acelerar os processos, facilitar a integração dos refugiados, acelerar a deportação de quem não for aceito e aumentar o financiamento dos estados federados e dos municípios.
Dados do Ministério do Interior do estado da Baviera (Sul), principal acesso para os refugiados na Alemanha, mostram que só no mês passado o país recebeu entre 270 e 280 mil requerentes de asilo, mais do que em todo o ano passado.
De acordo com as previsões para este ano, o número total deverá ficar entre os 800 mil e 1 milhão de refugiados. “Muitos vão ficar” e “não devem ser apenas tolerados, mas totalmente aceitos” porque vão ser cidadãos, afirmou o ministro.
De Maiziere defendeu uma integração “em duas direções” e a importância de abrir rapidamente as portas do mercado de trabalho a quem tiver possibilidades reais de conseguir ficar na Alemanha e fomentar a aprendizagem da língua.
O ministro advertiu aos requerentes de asilo que respeitem as decisões das autoridades: “o asilo na Alemanha não significa a escolha livre do domicílio”.
Thomas de Maiziere reconheceu que alguns dos centros provisórios de acolhimento não são adequados e estão sobrelotados, mas pediu que não fossem feitas “exigências demasiadamente elevadas”.
– Todos fazem um esforço enorme e de momento é tudo o que se pode fazer – declarou.
O ministro fazia alusão aos problemas registados na última quarta-feira, em Hamburgo (Norte), para onde 500 agentes da polícia foram chamados para intervir num centro de acolhimento, na sequência de tumultos entre dois grupos de sírios e afegãos, num total de cerca de 200 pessoas.
Várias pessoas ficaram feridas, mas até ao momento desconhece-se um número exato.
Aparentemente, os incidentes foram causados por divergências sobre a utilização dos chuveiros e, de acordo com o diário Hamburguer Morgenpost, os dois grupos agrediram-se com barras de ferro e pedras.
No dia 29 de setembro, uma rixa entre sírios e paquistaneses deixou dois feridos em Dresden (Leste). No domingo, 14 pessoas, incluindo três polícias, ficaram feridas num centro perto de Cassel (centro), depois de confrontos entre 70 paquistaneses e 300 albaneses.