Embaixador defende mais investimentos para ampliar coesão no Mercosul

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Publicado Quarta, 21 de Setembro de 2011 às 05:39, por: CdB

Larissa PonceSamuel Pinheiro Guimarães (esq.) ao lado do senador Roberto Requião.

A atuação do Mercosul como bloco no cenário internacional só será possível com muita coesão política e essa proximidade de interesses apenas será possível com o fortalecimento das economias menores do bloco.

O argumento foi defendido na terça-feira (20) pelo novo alto representante-geral do bloco, embaixador Samuel Pinheiro Guimarães. “Há forças centrífugas dentro do Mercosul. Há setores que acham que o bloco não é a solução ideal para seus países. O bloco só permanecerá unido na medida em que todos os parceiros se sintam beneficiários desse processo”, explicou.

Guimarães participou de audiência pública promovida pela Representação Brasileira no Parlasul. Na reunião, o diplomata informou que, com base em vistas a ministros dos quatro países do bloco (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), ele concluiu que é necessária uma redução das grandes assimetrias que existem na região.

O deputado Emiliano José (PT-BA) concordou com o diplomata. Ele ressaltou a "responsabilidade política" do Parlasul no trabalho de redução das assimetrias do bloco. Por sua vez, o deputado José Stédile (PSB-RS) observou que o "tamanho do Brasil vai depender do tamanho de sua relação com a América Latina".

Focem
Samuel Pinheiro Guimarães sugeriu que o Parlamento do Mercosul (Parlasul) defenda junto aos governos dos países do bloco a ampliação do Fundo de Convergência Estrutural (Focem), destinado a financiar projetos de infraestrutura na região.

Implantado em 2005, o Focem é composto por contribuições não reembolsáveis dos países do bloco, atualmente no valor de US$ 100 milhões por ano. Como maior país, o Brasil responde por 70% dos recursos transferidos ao fundo, que busca reforçar as menores economias do bloco por meio de investimentos em obras como estradas e portos. Para o embaixador, porém, as contribuições poderiam ser ampliadas, para tornar mais rápido o desenvolvimento da região. O alto representante-geral recordou por exemplo que, mesmo com a hidrelétrica binacional de Itaipu, 40% do território do Paraguai não recebe energia elétrica.

Fronteriras

Larissa PoncePaulo Pimenta defendeu que a situação atual do bloco seja estudada a fundo.

A senadora Ana Amélia (PP-RS) lembrou que os cidadãos dos países do bloco, especialmente os que residem nas áreas de fronteira, ainda não conseguem ver, na prática, os efeitos dos tratados já assinados de integração. Da mesma forma, o deputado George Hilton (PRB-MG) pediu que os documentos de liberação de exportações e importações dentro do bloco sejam simplificados.

Os deputados Raul Henry (PMDB-PE) e Paulo Pimenta (PT-RS) ressaltaram a necessidade de realização de um amplo diagnóstico sobre a atual situação do bloco.

Por fim, a deputada Íris de Araújo (PMDB-GO) reivindicou uma melhor divulgação das atividades do Parlasul.

Bolívia e Equador
Ao final da reunião, Guimarães informou ter recebido um mandato para negociar com os governos da Bolívia e do Equador o seu possível ingresso no Mercosul. Ele informou ainda que o comércio intrabloco cresceu mais de 10 vezes nos últimos 10 anos. Como resultado dessa expansão, observou, o Brasil tem obtido importantes saldos comerciais, como o de cerca de US$ 4 bilhões com a Argentina.

O embaixador recordou ainda os crescentes investimentos brasileiros nos demais países do bloco, em setores como os de cimento, carnes e arroz. Para ele, o Parlasul poderia investir na harmonização das legislações dos países do bloco para evitar problemas como o excesso de burocracia na liberação de exportações e importações.

Nova função
A função de alto representante foi criada em 2010 por decisão do Conselho do Mercado Comum (órgão responsável pela condução política do processo de integração do bloco). O ocupante do cargo tem mandato de três anos, podendo ser prorrogado por igual período, uma única vez. Antes de desempenhar a função, Samuel Pinheiro Guimarães foi secretário-geral do Itamaraty e ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos.

Da Redação/ JMP
Com informações da Agência Senado

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