Em semana de Copom, economistas de bancos só veem juro mais baixo em 2012

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Publicado Segunda, 29 de Agosto de 2011 às 04:59, por: CdB

Na véspera do início da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o relatório Focus divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira indica que economistas de bancos e de corretoras e agências de investimento só enxergam juro mais baixo em 2012. Eles ainda apostam que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2011 será menor do que o esperado na semana anterior. O boletim é publicado sempre às segundas-feiras e é uma das referências para as decisões dos diretores do Banco Central durante as reuniões do Copom. A Selic, taxa básica de juros, está atualmente em 12,50%. Nas cinco reuniões realizadas desde o início do governo Dilma Rousseff, foram cinco elevações (uma de 0,5 e quatro de 0,25 ponto percentual). A medida foi adotada com o intuito de conter o risco de alta da inflação, apesar de a maior parte da pressão envolver variações de preços no mercado externo, como as commodities – matérias-primas de origem agropecuária ou mineral, como açúcar, soja e minério de ferro, por exemplo. Em relação aos juros, a maior parte dos bancos trabalha com a perspectiva de que a Selic permaneça nos atuais 12,50%. Para 2012, há mais controvérsia: em média, as projeções apontam para uma taxa básica da economia em 12,38%. Desde a última reunião do Copom, economistas ligados a universidades e a entidades industriais passaram a enxergar um desalinhamento maior entre o Banco Central e o mercado. Desde o início do Plano Real, em 1993, e mais fortemente a partir da adoção do sistema de metas de inflação, em 1999, a condução da política de juros espelha, em grande medida, a expectativa do mercado. Para os críticos do modelo, a forma como são decididas as taxas permite que os bancos projetem juros mais altos e lucrem quando a autoridade monetária toma decisões nesse sentido. Juros altos permitem que agentes financeiros recebam mais por aplicações seguras, como em títulos da dívida pública, em vez de apostarem no crédito ou em outras operações. Declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, na semana passada reforçaram a avaliação de que o cenário poderia mudar. Ele disse que a equipe econômica encontra-se mais alinhada atualmente do que antes, sem que Banco Central e o Tesouro Nacional operem de modo contraditório. O governo federal tem agido, desde o fevereiro, quando anunciou um corte de R$ 50 bilhões do Orçamento Geral da União, para conter aumento de despesas e fazer um superávit primário maior (economia para pagar juros da dívida). Com isso, o governo almeja criar espaço para o Banco Central reduzir juros. Apesar disso, o clima para a reunião do Copom programada para esta terça e quarta-feiras inclui ainda as incertezas externas. Com Estados Unidos e nações europeias patinando e sofrendo os efeitos de uma nova recaída da economia, há mais possibilidades de que o Brasil sinta os efeitos e cresça menos. Um cenário assim representaria menos pressões sobre a inflação e mais margem para reduzir os juros. Outras projeções A estimativa para a alta do PIB de 2011 teve queda pela quarta semana seguida. Enquanto o governo trabalha com estimativas entre 4% e 4,5%, os economistas do mercado financeiro acreditam agora em alta de 3,79%. Para 2012, eles enxergam também uma evolução menor do que na semana passada: 3,90%. As apostas do mercado para o índice oficial que mede a alta de preços indicam expectativa de um pouco mais de inflação do que na semana passada. A estimativa constatada pelo Focus para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano passou de 6,28% para 6,31%. Para 2012, permaneceram os 5,20%. Em ambos os casos, a inflação permaneceria dentro da margem da meta do governo, fixada em 4,5% ao ano. Em relação ao câmbio, os economistas do mercado acreditam que o dólar seja cotado a R$ 1,60 até o fim do ano e a R$ 1,65 até o término de 2012.

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