Em Haia, Karadzic nega crimes de guerra

Arquivado em:
Publicado Segunda, 01 de Março de 2010 às 07:17, por: CdB

O ex-dirigente servo-bósnio Radovan Karadzic assumiu a palavra na segunda-feira em seu julgamento num tribunal da ONU em Haia para negar que tenha sido responsável por algumas das piores atrocidades registradas na Europa desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

Karadzic, 64 anos, nega as 11 acusações, sendo 2 de genocídio, relativas à guerra de independência da Bósnia (1992-95), na qual sérvios do país lutaram contra muçulmanos e croatas.

Os promotores acusam Karadzic de liderar uma campanha para eliminar a população muçulmana e criar um Estado exclusivo para os servo-bósnios, numa guerra que matou cerca de 100 mil pessoas.

– Tudo que os sérvios fizeram está sendo tratado como crime – queixou-se Karadzic, argumentando que os conflitos resultantes do esfacelamento da Iugoslávia eram a consequência natural da disputa de terras entre três grupos.

– A Iugoslávia só poderia se esfacelar em uma guerra – afirmou.

Ele acusou os muçulmanos bósnios de rejeitarem propostas de compartilhamento de poderes, a fim de criarem um Estado fundamentalista islâmico. Por isso, Karadzic descreveu sua luta contra eles como "justa e sagrada".

Depois de boicotar em outubro o início do seu julgamento no Tribunal Penal Internacional para a Ex-Iugoslávia, Karadzic passou a se defender sozinho das acusações, que podem levar à prisão perpétua.

Ele apareceu de terno escuro, com seu tradicional topete grisalho, e falou em sérvio, com tradução de um intérprete do tribunal.

Lendo uma declaração na qual citava a si mesmo várias vezes na terceira pessoa como "Karadzic", ele também usou videoclipes, gravações de áudio e citações literais para corroborar seus argumentos.

Ele terá dois dias para fazer suas alegações iniciais, e depois será a vez da promotoria. Os promotores devem enfatizar particularmente o massacre de mais de 7.000 muçulmanos em julho de 1995 na cidade de Srebrenica, acusando Karadzic de orquestrar "um dos capítulos mais sombrios da humanidade".

O psiquiatra Karadzic, que foi o líder político dos servo-bósnios até 1996, é acusado também pelo cerco de 43 meses a Sarajevo, que matou cerca de 10 mil pessoas. Ele foi preso em 2008 em Belgrado, onde trabalhava com medicina alternativa.

Tags:
Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo