Em greve há dois meses, professores universitários da Bahia criticam saída do governo da mesa de negociação

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Publicado Quinta, 02 de Junho de 2011 às 12:25, por: CdB
Em greve há dois meses, professores universitários da Bahia criticam saída do governo da mesa de negociação

Por: Suzana Vier, Rede Brasil Atual

Publicado em 02/06/2011, 18:05

Última atualização às 18:11

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Professores e alunos em greve ocuparam Assembleia Legislativa (Foto: Raíza Rocha/Aduneb)

São Paulo – Em greve há 60 dias, professores de quatro universidades estaduais da Bahia reclamam do encerramento das negociações por iniciativa do governo. Mesas de negociação em andamento há mais de um ano foram interrompidas na última sexta-feira (27), quando a proposta governamental foi retirada e os debates cancelados. Para a direção da Associação da Universidade do Estado da Bahia (Aduneb), a postura do governo baiano é de “intransigência”. Grevistas prometem ações para pressionar a retomada das negociações.

Cerca de 5 mil professores estão em greve nas universidades estaduais de Feira de Santana (Uefs), de Santa Cruz (Uesc),  do Sudoeste da Bahia (Uesb ) e do Estado da Bahia (Uneb). Os alunos da Uesc e da Uesb também aderiram à paralisação. “Os funcionários não estão em greve, mas nos apoiam com paralisações pontuais”, afirma a diretora da Aduneb Maria do Socorro Soares Ferreira.

Na tentativa de pressionar pela retomada das negociações, após várias manifestações de rua, professores e alunos ocuparam, na terça-feira (31), a Assembleia Legislativa. Segundo Maria do Socorro, os manifestantes só sairão de lá se o governo voltar a dialogar. “Esse ato é resultado da intransigência do governo.”

Os professores reivindicam incorporação de gratificação ao salário-base, cujo valor representa 70% da remuneração da categoria. “Para o governo não impacta muito porque ele já paga esse valor, mas para os professores representa muito”, diz a representante sindical. Ao incorporar o valor da gratificação, incentivos como os de produção e titulação sofreriam reajuste, explica a professora.

O salário-base de um professor auxiliar, com pós-graduação em nível de especialização, contratado para 20 horas semanais, é de R$ 746,52. Para professor assistente, cuja exigência é de mestrado, a remuneração é de R$ 865,98. No caso de professor adjunto, com doutorado, pelo mesmo período, o ganho é de R$ 1.004,50, informa a diretora do Aduneb. “Nosso salário só não é menor que o dos professores universitários do Maranhão.”

Congelamento

A primeira pauta de reivindicações foi entregue ao governo baiano em novembro de 2009. Diante da falta de posicionamento, os professores haviam decidido pela greve já no primeiro semestre de 2010. Mas um compromisso de negociação do governo levou os docentes de três das quatro universidades estaduais a desistir.  A Uneb chegou a parar por uma semana em junho do ano passado.

Em novembro, durante mesas de negociação, professores e governo concordaram com a incorporação da gratificação em quatro anos. Em dezembro, na assinatura do acordo, os professores discordaram de uma das cláusulas, que não teria sido negociada, em que reivindicações com impacto financeiro só voltariam a ser analisadas a partir de 2015. “Na prática, isso significaria o congelamento dos salários por quatro anos”, interpreta Maria do Socorro. “Houve indignação de toda a categoria que decidiu dizer não ao acordo. Estaríamos presos a uma única campanha salarial”, afirma.

Novo anúncio do governo baiano em fevereiro deste ano piorou o clima de negociações: o Decreto 12.583 determinou corte de verbas em todas áreas públicas do estado. “Isso afeta a progressão na carreira, mudanças de regime de trabalho, afastamento para aperfeiçoamento”, critica a sindicalista.

Esta semana, a Aduneb apresentou novo documento em que aceita congelamento dos salários por dois anos e incorporação de gratificação ao longo de três anos. “Vamos continuar ocupando a Assembleia até que o governo dê resposta à nossa contraproposta”, avisa Maria do Socorro.

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