Em ato no Rio, Dilma afirma que irá resistir

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Publicado Sexta, 03 de Junho de 2016 às 09:31, por: CdB

Dilma defendeu o protagonismo feminino e também voltou a atacar o governo de facto de Michel Temer

Por Redação, com Agências de Notícias - do Rio de Janeiro:
A presidenta Dilma Rousseff participou na noite de quinta-feira, no Largo da Carioca, Centro do Rio de Janeiro, do ato "Mulheres Pela Democracia", que reuniu mais de 20 mil pessoas. Ela fez um longo discurso no qual defendeu o protagonismo feminino e também voltou a atacar o governo de facto de Michel Temer.
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Dilma Rousseff também chamou o processo do impeachment a que responde de golpe e afirmou
- Eu sei que sou um grande incômodo, porque eles olhavam e diziam o seguinte: como eu sou mulher, eles acham que a mulher é frágil. Se a gente fosse frágil a gente não criava filho. Se a gente fosse frágil, a gente não tinha segurava trabalhar e cuidar das crianças. Se a gente fosse frágil, mesmo com preconceito, não conseguiríamos um trabalho decente, não conseguiríamos nos formar nas faculdades. Se a gente fosse tão frágil, eu não seria a primeira mulher presidenta - disse. A presidenta afastada também chamou o processo do impeachment a que responde de golpe e afirmou que, com as gravações vazadas recentemente, ficou claro que se trata de uma forma de impedir que as investigações de combate à corrupção cheguem a pessoas como o deputado afastado Eduardo Cunha e o presidente interino Michel Temer. - No início, eles queriam que eu renunciasse, para tirar o incômodo que é a minha presença, eu não cometi nenhum crime de corrupção, eu não desviei dinheiro público, não tenho conta na Suíça. Então era melhor eu renunciar. Porque não teria o constrangimento de condenar uma pessoa inocente. Mas nós, mulheres, temos uma imensa capacidade de resistir. Todas as mulheres anônimas deste país resistem no dia a dia, de cabeça erguida tocam o bonde. A minha vida inteira eu lutei. Eu lutei contra ditadura neste país. Eu sei o que é dor, eu fui torturada. Eu sei o que é a imensa tragédia da dor física. Eu sei o que é lutar contra a doença. Agora eu tenho a honra de lutar pela democracia neste momento. Eu tenho que lutar e zelar pela dignidade da mulher brasileira. Nós não somos covardes. Nós mulheres somos corajosas - complementou Dilma. - É fundamental para que este país não tenha um deficit de civilização que as mulheres sejam respeitadas por serem mulheres - ressaltou. - Este país precisa valorizar a diferença. É a diferença a nossa maior riqueza cultural e humana. Este ato hoje, aqui no Rio, coloca nas mãos das mulheres o processo político de apoio à democracia, contra o retrocesso, contra a política neoliberal, contra a revisão do pré-sal. Nós podemos sair com a alma lavada, porque fizemos um exercício de cidadania e democracia. Aqui estamos nós mulheres empenhadas na luta pela defesa não só da democracia, mas também dos direitos sociais e políticos e de um país mais livre e que respeite as mulheres. Temos que estar juntas para resistir este golpe - afirmou. - Nós vamos resistir, resistir e resistir - avisou. Dilma disse também que o que tem assistido nos últimos 20 dias é “assustador”. - Eu jamais pensei que assistiria alguém ameaçar o Bolsa Família e as conquistas na área de educação. Nunca pensei que num país com essa diversidade pudessem extinguir o Ministério da Cultura. Não é um capricho nosso querer que sejamos representadas no primeiro escalão do governo, porque não é possível deixar que ocorra estupro coletivo ou segregação de babás - disse.

Cultura do estupro

Dilma Rousseff condenou a cultura do estupro e a segregação social que, segundo afirmou, ainda imperam na nossa sociedade. Ela lembrou os casos recentes que ocorreram na cidade: o estupro coletivo de uma jovem de 16 anos e a proibição de um clube a uma babá acompanhar crianças ao banheiro social. - Essa cultura do estupro contra as mulheres e da exclusão social é algo que nós sabemos que tem que ser combatido por todos os movimentos, mas também pelos governos. É lamentável que ao escolher uma secretária das mulheres ela se manifeste contra o abordo em caso de estupro, previsto em lei. É uma conquista ainda pequena das mulheres, mas é uma conquista. Um agente público, homem ou mulher, mas sobretudo uma mulher, não pode achar que as suas convicções pessoais se sobreponham à lei - disse Dilma.
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