Eldorado dos Carajás nunca mais!

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Publicado Terça, 17 de Abril de 2012 às 12:46, por: CdB

Há exatos 16 anos, no Pará no sempre conflagrado por conflitos agrários, ocorria um dos maiores massacres de sem-terra de nossa história - infelizmente farta nessa matéria - o de Eldorado dos Carajás. Naquele sangrento 17 de abril de 1996, as vítimas protestavam contra a demora na desapropriação de terras em uma marcha que chegou a reunir 1.500 pessoas na BR-155.

Ao chegar ao local com armas de fogo, bombas de gás lacrimogênio e outros aparatos de repressão, a Polícia Militar paraense cometeu assassinatos em série. Foices, facões, enxadas e pedaços de pau eram os únicos instrumentos dos trabalhadores rurais para fazer frente à barbárie e para se defenderem da violência policial.

Uma verdadeira execução sumária ceifou a vida de 19 sem terras no local. Outros três morreram na sequência. Um total de 66 ficaram gravemente feridos, muitos mutilados. Segundo a perícia, pelo menos 10 pessoas foram executadas a queima roupa e sete foram assassinadas por instrumentos cortantes.

Massacre contra sem-terra deixou 22 mortos e 66 feridos

As vítimas contam que os policiais usavam os instrumentos de trabalho dos sem-terra para incriminá-los depois. Os corpos também foram removidos da cena do crime pela repressão para dificultar a ação da perícia e a localização dos autores dos disparos.

A violação dos direitos humanos em Eldorado dos Carajás chocou o país. Naquela mesma noite, o ministro da Agricultura do governo Fernando Henrique Cardoso, o banqueiro (Bamerindus) José Eduardo Andrade Vieira, pediu demissão.

A reforma agrária era, então, área afeta a seu ministério. O ministério da Reforma Agrária, criado pelo presidente Tancredo Neves em 1984, fora extinto e então, naquele dia, recriado. Desde então, os militantes dos movimentos que lutam pela reforma agrária desencadeiam o "abril vermelho" em todo o país.

Repressão fez execuções e deixou vítimas mutiladas


Lutam, ainda, para que a justiça às vítimas do Carajás seja feita com a punição de todos os responsáveis pela série de crimes.Uma luta histórica, fundamental, a qual eu presto toda a minha solidariedade neste 17 de abril.

Todos os anos tenho lembrado e registrado aqui o massacre de Eldorado dos Carajás. Faço-o para que episódio dessa ordem nunca mais se repita entre nós.

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