Economia brasileira pode ganhar até US$ 2,8 bi com redução das tarifas

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Publicado Terça, 18 de Janeiro de 2005 às 18:29, por: CdB

Uma liberalização ambiciosa do comércio de produtos industriais no mundo teria uma repercussão significativa na geração e distribuição de empregos no Brasil. Um estudo realizado pela Conferência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad) aponta que a economia nacional poderia ganhar até US$ 2,8 bilhões com uma redução expressiva das tarifas nos setores industriais e os países emergentes teriam benefícios de até US$ 69 bilhões.

Mas, no Brasil, o número de postos de trabalho em setores como têxteis, couros, máquinas e equipamentos, eletrônicos, automotivos e bens químicos poderia sofrer importantes prejuízos se nenhuma política for implementada. Os maiores beneficiados seriam os setores de alimentos processados e construção.

A ONU tenta identificar quem seriam os ganhadores e perdedores diante de uma liberalização. A Unctad montou cenários diferentes com diferentes cortes tarifários que poderiam resultar das negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC), que estão programadas para estarem concluídas em 2006.

O estudo mostra que uma liberalização do setor industrial poderia incrementar as exportações dos países emergentes em US$ 175 bilhões. Mas alerta que esses países devem se preparar para evitar que os custos dos ajustes sejam superiores aos ganhos e que o período de choque para alguns setores seja reduzido ao máximo.

Segundo a entidade, no caso de um total livre comércio no mundo no setor de produtos industriais, os ganhos para o Brasil poderiam ser de US$ 5,3 bilhões, ainda que este cenário seja praticamente impensável em termos políticos. Alguns setores, como couro ou máquinas, teriam uma queda de empregos de até 13%. Já a eliminação de todas as tarifas geraria um aumento de 8,7% nos postos de trabalho nos setores de alimentos.

Mesmo em um cenário de uma liberalização mais moderada, as perdas continuariam a ser sentidas para setores como têxteis e máquinas, com quedas no número de empregos de 4% à 5,3%. Apenas em cenários de abertura limitada é que os efeitos sobre os trabalhadores desses setores seriam minimizados. Em alguns casos haveria até mesmo a possibilidade de um incremento no número de postos de trabalhos em áreas como couro ou têxtil.

Mas com a limitação na abertura, os setores mais competitivos do País também não teriam a oportunidade de gerar tantos benefícios. Em uma liberalização moderada, o setor de alimentos processados teria um aumento de postos de trabalho de apenas 3 1%, enquanto vários outros setores, como equipamentos para transporte e construção, teriam variações positivas de cerca de 1%.

Impostos - Outro problema que pode afetar os países em desenvolvimento é a queda na arrecadação de impostos que são coletados com as taxas de importação. Com uma abertura, governos não conseguiriam arrecadar o mesmo valor dessa taxação, o que para alguns países pode ser dramático.

No caso do Brasil, a ONU estipula que o governo arrecade cerca de US$ 5,6 bilhões com os impostos à importação por ano. Uma redução tarifária ambiciosa geraria uma queda desses recursos de até 64%. Já uma abertura mais tímida geraria uma redução na coleta desses impostos que poderia variar entre 1% e 17%.

O Brasil ainda incrementaria suas importações em 9% com a redução tarifária ambiciosa que está sendo negociada. Os cortes poderiam trazer a atual média de tarifas consolidadas pelo País de cerca de 30% para até 11%. A média aplicada pelo País hoje, porém, é de 13%. Uma liberalizção total faria que as compras externas no País aumentassem em 20% ao ano.

Mesmo com todos esses obstáculos e perigos, a estimativa da ONU mostra que os ganhos para a economia brasileira com uma liberalização poderiam variar de US$ 1,1 bilhão à US$ 2,8 bilhões. Em percentuais, as exportações do País cresceriam anualmente até 9,9% em caso de uma liberalização ambiciosa. A Unctad ainda prevê que, em caso de reduções tímidas de barreiras as exportações do País poderiam crescer apena

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