DR. GRANA - Bancos não financiam sonhos

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Publicado Segunda, 20 de Junho de 2011 às 18:33, por: CdB

Wenderson Wanzeller*/Especial para BR Press

(BR Press) - Se você sonha em montar o próprio negócio, mas pretende contar com a ajuda de um banco, pode ir tratando de acordar. Bancos não querem sócios. Bancos não apostam em sonhos. Sem respaldo financeiro ou sem garantias reais para oferecer, é pouco provável que o seu projeto saia do papel.

Cansei de ver projetos condenados que eram altamente viáveis. E o pior é que, na maioria dos casos, a condenação não era por falta de viabilidade técnica. Resumia-se apenas no fato do avalista da operação não possuir o lastro financeiro desejado.

Existe uma confusão muito grande em relação ao que serve ou não de garantia para respaldar uma operação financeira. A maioria pensa que oferecendo o próprio negócio já justifica o projeto. Dependendo da entrada, isso até vale para aquisição de veículos ou equipamentos. Mas, para a implantação de uma indústria ou hospital, com certeza essa regra não se aplica.

Há cinco anos, negociava com um cliente a construção de um hotel. Ele pagou uma fortuna para a confecção do projeto. No papel, todos os indicativos eram favoráveis. Quando perguntei sobre as garantias, ouvi dele que seria o próprio negócio.

Foram várias tentativas até a desistência. Sem respaldo financeiro ou sem garantias reais – imóveis, terrenos ou recebíveis –, por mais viável que o projeto fosse, o crédito nunca seria aprovado.

Banco nenhum aposta em sonhos ou em projetos. Pergunte a qualquer empresário que tenha passado por esta experiência e constate. Adoraria me retratar apontando um único projeto que tivesse sido plenamente financiado. Ou seja: sem garantias, sem contrapartidas financeiras ou sem interesses políticos envolvidos.

Profissional liberal

Contudo, é preciso destacar que pequenos investimentos são vistos de forma diferenciada. Um profissional liberal talvez encontre mais facilidade para montar um escritório ou consultório. Isso porque os valores e os prazos envolvidos são menores. Além do mais, nesses casos, geralmente o profissional tem como comprovar outros rendimentos que justifiquem o endividamento a ser contraído.

A exceção, de fato, se aplica nas cooperativas de crédito. Na verdade, essas são as únicas organizações que realmente apostam em sonhos. Um pequeno produtor de farinha, uma costureira, um barbeiro..., esses tipos de profissionais, buscando no lugar certo, ainda conseguem o apoio financeiro de que precisam. E, diga-se de passagem, este é o perfil que apresenta o melhor índice de adimplência.

Continue firme em seus objetivos. Contudo, repense as estratégias. Tente buscar parcerias comerciais, faça uma poupança ou opte por um projeto que caiba em seu orçamento. Considere como última alternativa a busca de um financiamento bancário.

Obviamente que nada disso se aplica nos casos onde garantias e respaldo financeiro não sejam problemas. Ainda assim, por mais que se tenha lastro, a formalização de um financiamento de longo prazo leva quase o mesmo tempo da gestação de um elefante. Isso também é fato.

(*) Wenderson Wanzeller é atuário, consultor de crédito e cobrança, comentarista econômico da Rede Canção Nova e atua no mercado financeiro há mais de 15 anos. Fale com ele pelo emailou pelo Twitter @brpress.

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