Acaba de chegar às lojas o novo disco de Dori Caymmi. Chama-se Contemporâneos. É uma homenagem do músico aos companheiros de geração. É uma visita a certa música brasileira que o mercado escondeu. Um aceno para quem ainda acredita que canção popular combina com linguagem articulada. Mais do que qualquer outro disco de Dori, Contemporâneos,/i> é um manifesto - e todos os seus trabalhos são manifestos, busca da tradução musical de brasilidade na linhagem fundadora de Villa-Lobos, sons do sertão de Guimarães Rosa e acordes do velho Caymmi, família sonora que o une a Tom Jobim e Edu Lobo. Manifesto: essa expressão existe e num tempo de mídia menos mesquinha foi até - e muito - popular. Contemporâneos não é, naturalmente, uma produção brasileira. O selo original é o norte-americano Horipro Inc., e a distribuição brasileira, da gravadora Universal. Foi gravado e mixado entre novembro de 2001 e o janeiro seguinte, entre estúdios do Rio e de Los Angeles, onde Dori mora. Contemporâneos é um disco magistral e por isso mesmo não cabe o conformismo do "valeu a pena esperar". Valeu coisa alguma. Se houvesse saído antes, Dori poderia ter tocado adiante outro projeto, já teríamos ouvido este e estaríamos ouvindo mais um disco; o raciocínio vale para outras obras nobres tratadas com descaso. Pequenos assassinatos culturais. Nem tão pequenos. O disco traz alguns dos contemporâneos como convidados especiais: Caetano Veloso, Chico Buarque, Edu Lobo; os irmãos do titular, Nana e Danilo Caymmi; e o novato Renato Braz.
Rio de Janeiro, Quinta, 28 de Março de 2024
Dori Caymmi lança novo disco
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Publicado Domingo, 20 de Abril de 2003 às 12:03, por: CdB
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