Dólar segue em queda e BC intervém no mercado cambial

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Publicado Segunda, 15 de Agosto de 2016 às 10:27, por: CdB

O dólar havia saltado 1,4%, maior alta em dois meses, e encostado em R$ 3,20 na sessão passada após o presidente de facto, Michel Temer, afirmar que era necessário manter "um certo equilíbrio no câmbio"

 
Por Redação - de Brasília e São Paulo
  O dólar recuava para perto de R$ 3,15 na manhã desta segunda-feira, acompanhando o apetite por risco nos mercados externos de câmbio e após uma fonte da equipe econômica afirmar à agência inglesa de notícias Reuters que o governo tem poucas ferramentas para limitar a queda da moeda norte-americana, que tende a continuar. Às 11:15, o dólar recuava 0,66%, a R$ 3,1639 na venda, após chegar a R$ 3,1597 na mínima do dia. O dólar futuro caía cerca de 1% logo após a abertura do pregão. — A leitura de sexta-feira, de que o governo poderia tentar segurar a queda do dólar, está ficando para trás — disse à Reuters o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.
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O dólar futuro caía na abertura do pregão desta segunda-feira, apesar da intervenção do BC
O dólar havia saltado 1,4%, maior alta em dois meses, e encostado em R$ 3,20 na sessão passada após o presidente de facto, Michel Temer, afirmar que era necessário manter "um certo equilíbrio no câmbio", sem cotações altas ou baixas demais. A agência também publicou nesta manhã que, segundo uma importante fonte da equipe econômica, o governo não tem muito como agir para conter a desvalorização da divisa. — Não tem muita coisa que se possa fazer, a experiência mostra que qualquer tipo de intervenção diferente não se sustenta e acaba sendo mais prejudicial — afirmou. O dólar vem rondando os menores níveis em mais de um ano frente ao real, influenciado por expectativas de contínua atratividade de ativos brasileiros no cenário em que os juros norte-americanos não voltam a subir até o fim deste ano. O otimismo no mercado sobre as promessas de restrição fiscal de Temer também vem corroborando o recuo do dólar. O BC reagiu aumentando o ritmo de vendas diárias de swaps reversos, que equivalem a compra futura de dólares, de 10 mil para 15 mil. Dois operadores de bancos que negociam diretamente com a autoridade monetária acreditam que o BC pode voltar ao ritmo anterior nos próximos dias se o dólar não voltar a desabar. Cotações baixas demais podem atrapalhar a recuperação econômica ao prejudicar as exportações. Por outro lado, níveis altos tendem a pressionar a inflação. Com sua política de intervenções, o BC reduziu seu estoque de swaps tradicionais, que correspondem a venda futura de dólares, para o equivalente a menos de 50 bilhões de dólares. No ano passado, esse estoque girou acima de US$ 100 bilhões.

Dólar futuro

Assim, o governo continuará reduzindo seu estoque de swap cambial tradicional — equivalente à venda futura de dólares — para limitar o ritmo de desvalorização da moeda norte-americana sobre o real, que já atingiu os produtores locais, disse fonte à agência de notícias. Segundo a fonte, a equipe econômica não está considerando compras de dólar no mercado à vista ou erguer barreiras aos fluxos de capitais, que no passado se provaram prejudiciais. Até o fechamento de sexta-feira, o dólar acumulava no ano queda de pouco mais de 20% sobre o real, depois de registrar em 2015 valorização de 48,5%. De modo geral, especialistas em câmbio já vêm trabalhando com esse cenário de forte entrada de dólares, expectativas que acabam também ajudando nas recentes quedas da moeda norte-americana, junto com o cenário externo mais aberto à aversão ao risco. O fim do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, previsto para o fim deste mês, será importante para atrair investimentos de fora, dando mais confiança ao tornar definitivo o governo interino de Michel Temer. O novo presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, tem reafirmado que usará os instrumentos cambiais "com parcimônia", sinalizando que não será tão intervencionista como o BC foi no passado. Mas, diante da queda do dólar na semana passada, que chegou perto de R$ 3,10, o BC aumentou o volume de swaps reversos. Embora o dólar mais fraco esteja ajudando a queda da inflação nos preços dos importados, o governo continua "muito preocupado" com a resistência da inflação alta, segundo a fonte. Em 12 meses até julho, o IPCA acumulava alta de 8,74%, muito acima do teto da meta do governo para o período --de 4,5%, com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos. — Essa é uma das grandes preocupações e temos de avaliar se esse fenômeno da persistência da inflação fica por mais tempo ou se já cumpriu o ciclo e a inflação cai mais rapidamente — afirmou a fonte.
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