O mercado financeiro recebeu bem a já aguardada decisão do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) de manter inalterada em 26,% ao ano a Selic – taxa básica de juros da economia. Depois de dois dias sendo vendido acima de R$ 3, o dólar comercial volta a ser negociado abaixo desse patamar. Na retomada dos negócios na tarde desta quarta-feira, a moeda norte-americana é vendida a R$ 2,998, com desvalorização de 1,38%.
“Essa foi a melhor decisão possível no momento. O BC demonstrou uma cautela justificável e necessária. Isso porque temos uma cultura inflacionária, e os últimos índices de preços não estão consolidados – comenta Miriam Tavares, diretora de câmbio da corretora AGK.
Segundo o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), a inflação na cidade de São Paulo recuou para 0,3% na segunda quadrissemana de maio. Já o IGP-10 (Índice Geral de Preços de Mercado), da FGV (Fundação Getúlio Vargas), ficou em 0,02%.
Anteriormente, o IPCA (Índice Geral de Preços Amplo), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), registrou 0,97% de inflação em abril. Esse indicador é o oficial do governo, utilizado nos cálculos do sistema de metas.
– Também é positivo o fato de a autoridade monetária não ceder às pressões – diz Tavares.
Rubem Ariano, gestor de fundos da Hedging Griffo, concorda e acredita que “o governo está conduzindo tudo o que tange à política e à economia de forma muito hábil”.
– O governo foi muito claro quando disse que a sua prioridade é a inflação. Depois de afirmar que não pretende mexer no câmbio, mostrou que os juros vão ser o instrumento para controle dos índices de preços – afirma.
Para Ariano, ainda não se pode dizer que a inflação está sob controle. “Ela deu sinais de retração. Apenas sinais”, frisa.
Também no mercado de juros e dívida a decisão anima os investidores.
Os contratos de juros futuros na BM&F para liquidação em julho estão em 26,03%, com alta de 0,23%. Os de outubro sobem 0,23%, para 24,94%, e os de janeiro têm queda de 0,74%, para 23,99%.
O risco-país desaba 4,84%, para 815 pontos, e o C-Bond, principal título da dívida externa do país, registra valorização de 1% e é vendido a 88,375% do valor de face.