Disputa com o Brasil agita comércio da Colômbia

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Publicado Domingo, 07 de Setembro de 2003 às 15:12, por: CdB

A presença da seleção brasileira despertou em muitos colombianos de Barranquilla a idéia de fazer alguma coisa diferente para aumentar o orçamento do mês. Exímios negociadores, criaram situações estranhas e oportunas para ganhar dinheiro.

A mais incrível pôde ser vista nas ruas próximas ao hotel que abrigou a delegação do Brasil. Tábuas eram estendidas de um lado a outro da calçada para evitar o contato do visitante com os poções d'água provocados pelos aguaceiros na cidade.

Pela travessia, os donos da ponte improvisada cobravam 100 pesos colombianos, algo em torno de R$ 0,10. Como não havia alternativa, formavam-se às vezes algumas filas ante um cobrador implacável. "Se não pagar, vai ter de molhar os pés", alertava.

A caminho do Estádio Metropolitano Roberto Melendez, vendedores de peixes salgados, os bocachicos, exibiam as presas em postes e varais que lembravam uma feirinha de literatura de cordel. A unidade exposta à fumaça negra dos automóveis valia 3 mil pesos (R$ 3), mas podia cair de preço.

"Prove, não tem como não gostar", insistia o pequeno comerciante, já com a cabeça dentro do táxi. "Me dê 2 mil e quinhentos pelo bocachico", continuou, sem sair do lugar, assim como o carro, refém do congestionamento.

Em meio ao tumulto, havia oferta de tudo: laranjas, sanduíches, canetas, pipoca, cartões de telefone e até de pentes. "São fortes, resistentes, não quebram", explicou o menino de sandálias e bermuda rasgada. Ali, ao seu lado, aquela mesma peça de bocachico já custava 1 mil pesos.

Na sala reservada à imprensa, dentro do estádio, também havia espaço para os negócios informais. Francisco Figueroa, que portava credencial de repórter da "CV Notícias", um programa de uma emissora de TV da Colômbia, não prestava atenção na entrevista de Carlos Alberto Parreira, concedida no início da noite de sábado. Ele queria vender suas redes artesanais, brancas, de tecido fino, sobrepostas nos ombros.

Começava pedindo 200 mil pesos (R$ 200). Como as respostas do técnico da seleção eram rápidas, o que sugeria um fim breve para a conferência, Figueroa inventou uma promoção. "Duas por 300 mil. É feita a mão mesmo."

A aglomeração desordenada de repórteres e gente estranha no auditório lotado deixou o vendedor de redes de dormir à vontade para prosseguir em seu ofício. Naquele momento, prevalecia a disputa dos "jornalistas" colombianos, ávidos por um autógrafo ou uma foto ao lado de Parreira.

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