Dilma revela uma delação em curso contra “usurpador golpista”

Arquivado em:
Publicado Segunda, 22 de Agosto de 2016 às 11:03, por: CdB

Dilma fala na entrevista de uma possível delação contra Michel Temer, mas sem entrar em detalhes

 
Por Redação - de Brasília
  A presidenta Dilma Rousseff acredita que um fato novo poderá mudar, nas próximas horas, o rumo dos acontecimentos no processo que prevê a cassação de seu mandato, prestes a ser votado no Senado. Dilma concedeu entrevista de mais de uma hora, concluída na madrugada desta segunda-feira, ao canal de TV SBT, na qual denunciou o golpe contra o seu governo na edição de um novo impeachment no país, a traição do presidente de facto, Michel Temer, e a perseguição judicial ao ex-presidente Lula.
dilma-sbt.jpgDilma disse que não entregará os pontos e que pretende seguir na luta
Editado sem muito esmero, o programa conduzido por Roberto Cabrini oscilou entre descredenciar a entrevistada e denunciar a iniciativa golpista do grupo liderado por Temer, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e líderes tucanos, entre outros interessados no fim da Operação Lava Jato. Numa edição truncada, com uma série de mensagens subliminares, Dilma fala de uma possível delação contra o “usurpador golpista” (Michel Temer), sem entrar em detalhes, e deixa claro que seguirá na resistência. — Não tenho a menor intenção de renunciar. Não dou esse presente a eles — disse Dilma. Dilma também reafirmou que o processo de impeachment que enfrenta no Senado é um golpe de Estado. — Sou vítima de um julgamento fraudulento, que tem como objetivo fazer uma eleição indireta. Ou é crime para todo mundo ou não é para ninguém — disse ela, lembrando que seus antecessores também cometeram as chamadas pedaladas fiscais. Ela enfatizou que o processo só ocorre por interesses de grupos que, como revelou o senador Romero (PMDB-RR) em gravações feitas por delator, querem barrar as investigações da Lava Jato. Dilma também disse que Temer traiu não apenas a ela, mas os eleitores: — Temer não foi eleito para fazer o que está fazendo. Foi eleito com o meu programa de governo. Sobre as ilações da mídia e de adversários políticos que tentam associar o seu governo aos esquemas de corrupção, Dilma foi enfática: — Não tenho responsabilidade nenhuma se um funcionário da Petrobras resolveu ser corrupto. Meu governo não esteve associado à corrupção, até porque eu não testou associada à corrupção. Nunca tive conta rejeitada, a não ser agora, porque eles querem fazer o processo de impeachment — acrescentou. Dilma também afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não cometeu crimes e não será preso. Classificou essa possibilidade como "uma temeridade" e "um equívoco". — Acho uma temeridade prenderem o presidente Lula, principalmente porque tenho certeza de que ele é absolutamente inocente das coisas de que é acusado. Acho que ele não será preso, acho que eles não cometerão esse equívoco — opinou. Dilma foi incisiva ao rechaçar as suspeitas de que teria recebido dinheiro desviado da Petrobras e afirmou que jamais esteve nas mãos de empresários investigados. — Eu acho que não sou refém das empreiteiras. Os próprios empreiteiros sabem disso. Nenhum pode chegar e dizer que me deu qualquer contribuição. Podem falar que deu para minha campanha. Agora, para mim? Ninguém deu contribuição nenhuma — acrescentou.

Erros cometidos

Sem mencionar o fato que seu governo distribuiu cerca de R$ 6,4 bilhões aos meios de comunicação da mídia conservadora, entre eles o canal de TV do empresário Silvio Santos, que veicula o programa ao qual concedeu a entrevista, e às Organizações Globo, que apoiam o golpe de Estado, em curso no país, Dilma fez um breve mea culpa. Sem qualquer acréscimo às demais ocasiões em que reconheceu "vários" erros, entre eles a aliança com Temer e a dificuldade em reagir à crise econômica, Dilma atribuiu a esses erros a traição de que foi vítima. — Erros? Vários. Não perceber que ia ser traída como fui. Achei que era possível fazer um ajuste rápido para sair da crise. São Muitos os meus erros, mas também são muitos os meus acertos, como qualquer ser humano — avaliou. Dilma também comentou a fama de ser uma governante dura e fria, conforme voz corrente entre os parlamentares. Ela considerou as acusações exageradas. — Preconceito total. Vejo (nisso) a construção da imagem que eles (adversários) querem mostrar: uma pessoa fria, seca e insensível. Isso é trabalho de imagem desconstruída. Sou uma pessoa resistente, firme. Não me abato, jamais jogo a toalha — afirmou. Dilma negou estar isolada e revela que vem conversando com senadores para tentar convencê-los a impedir a cassação de seu mandato. Questionada sobre quantos votos acredita receber, no Senado, ela desconversa e diz que essa informação é sigilosa e que a divulgação dessa informação permitiria a seus adversários fazer uma "pressão irresistível" nos parlamentares, sem no entanto explicitar que tipo de “pressão irresistível” seria esta.
Tags:
Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo