A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, tem pouco mais de 15 dias para se despedir do cargo, do qual se incompatibiliza no final deste mês para seguir em campanha à sucessão presidencial. As equipes de comunicação do PT, no entanto, já estão em plena atividade na tentativa de divulgar as ações da ministra e torná-la conhecida do grande público. Cerca de metade do eleitorado ainda desconhece a futura candidata petista..
Neste sentido, Dilma passará a cumprir, nas próximas duas semanas, um intenso roteiro de visitas aos Estados, na companhia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A agenda de ambos inclui uma visita à favela de Paraisópolis - a segunda maior de São Paulo -, no próximo dia 25, para uma cerimônia de licenciamento de rádios comunitárias e inauguração de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Em pleno Morumbi, zona elegante da capital paulista, Paraisópolis tem cerca de 80 mil moradores e só perde em tamanho para a favela de Heliópolis, também na Zona Sul. As obras de urbanização da favela são de autoria do PAC, carro-chefe da campanha de Dilma, em parceria com a prefeitura e Estado, comandado pelo adversário José Serra, o pré-candidato do PSDB à sucessão de Lula.
Serra, no entanto, segundo informação de conhecimento do PSDB, ficou mal posicionado em uma pesquisa nacional de intenção de voto a ser divulgada nesta quarta-feira, na qual aparece em um empate técnico com Dilma, desta vez com a petista 1 ponto porcentual à frente. A pesquisa foi realizada entre 5 e 10 de março com 2 002 pessoas em 142 municípios. Em outro estudo, porém, encomendado pelo PT, confere pela primeira vez a Dilma Rousseff uma dianteira de 3 pontos quanto a José Serra.
Da paulicéia, Dilma seguirá para o sul da Bahia, onde terá oportunidade de mostrar que temas áridos, como a questão energética, são de seu mais pleno conhecimento, ao participar da cerimônia de inauguração de um gasoduto em Itabuna (BA).
Mais obras
Para a ministra Dilma, a continuidade das grandes obras do governo que estão sob investigação é uma necessidade.
– Parar obra e demitir 27 mil pessoas não dá para aceitar, ninguém com responsabilidade de gestão dentro do Brasil pode concordar – afirmou.
A ministra disse, no entanto, que não tem problemas com o trabalho do Tribunal de Contas da União (TCU), responsável por fiscalizar a utilização dos recursos públicos.
– Eu sou uma das pessoas, acho pelo menos, que têm uma das melhores relações com o TCU – ressaltou.
Segundo ela, o que ocorre, é que em algumas vezes existe discordância entre o tribunal e as empresas responsáveis pela execução das obras sobre a metodologia usada para calcular os custos dos projetos. Dilma também destacou a importância do aprimoramento das entidades envolvidas na execução dos projetos governamentais.
– É preciso ter uma melhoria em todos nós, Petrobras, empreiteiras, todo mundo que participa das obras – disse.
As críticas de que a ministra estaria inaugurando obras inacabadas também foram rebatidas.
– É um absurdo fazer isso. Eu só atribuo isso ao fato de a gente estar vivendo um momento eleitoral. Então, as pessoas passam a fazer olhares eleitorais para tudo – concluiu.