Deputados gaúchos querem CPI para investigar o MST

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Publicado Quarta, 08 de Maio de 2002 às 19:20, por: CdB

Os deputados do Rio Grande do Sul estão discutindo a proposta de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-terra (MST) no estado. De acordo com um levantamento feito pela Agência RBS na Assembléia Legislativa, 24 deputados já se mostram favoráveis a uma investigação parlamentar, cinco a mais do que o mínimo necessário para iniciar o processo que resulta em uma CPI. A idéia ganhou força no início desta semana durante protestos de políticos e ruralistas contra o MST. Na terça-feira, a Polícia Civil divulgou documentos apreendidos em poder de integrantes do MST que invadiram a Santa Bárbara, em São Jerônimo, em 12 de abril. Os textos de oito diários mostram como as invasões são planejadas e executadas. Um dos diários louva o projeto socialista de Cuba e aponta que 150 estudantes do MST estão fazendo um curso na ilha governada por Fidel Castro.Uma agenda com impressos da direção do MST, de circulação nacional, traz um retrato de corpo inteiro de Che Guevara e recomenda que os sem-terra se inspirem na mística do ex-comandante de guerrilhas. O delegado João Carlos de Mendonça, de São Jerônimo, diz ter provas para indiciar quatro invasores da fazenda por dano e furto. Entre eles, um soldado da Brigada Militar, que seria o dono de 21 cartuchos de munição de revólver apreendidos em um automóvel usado por seis integrantes do MST que deixavam a fazenda. A direção estadual do MST divulgou nota nesta quarta-feira, afirmando que as normas do movimento "são estabelecidas através de combinações coletivas, aprovadas pela maioria das pessoas acampadas". "Somos uma organização de famílias comprometida com a luta pela reforma agrária e com o resgate de valores éticos, com a valorização de homens e mulheres como sujeitos sociais. As penalidades, também estabelecidas coletivamente, são medidas educativas. Somos um movimento social que organiza trabalhadores e trabalhadoras a lutar por terra e dignidade, nossos acampamentos são em beiras de estradas, são áreas abertas que diariamente recebem visitas da população. Denunciamos que aqueles que querem fazer CPI par nos investigar, alguns parlamentares de direita, latifundiários e alguns meios de comunicação, é que deveriam ser investigados, porque pesam sobre eles acusações mais graves e consistentes", diz a nota. O secretário extraordinário da Reforma Agrária do estado, Antônio Marangon, ironizou a intenção dos deputados em criar uma CPI do MST. "Fica engraçado em um ano eleitoral", afirmou.

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