Defensoria Pública da União tenta impedir derrubada do antigo Museu do Índio do Rio de Janeiro

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Publicado Quinta, 25 de Outubro de 2012 às 11:12, por: CdB

Akemi Nitahara
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – A Defensoria Pública da União no Rio de Janeiro ajuizou uma ação civil pública pedindo a preservação e recuperação do prédio histórico onde funcionou o Museu do Índio, na região do Estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã.

O pedido de liminar, feito ontem (24) à Justiça Federal, garante a preservação do edifício e o cumprimento da missão do museu que é divulgar a cultura indígena. O governo estadual anunciou que o prédio será demolido para melhorar a dispersão do público e a circulação de pessoas nos jogos da Copa do Mundo de 2014.

O historiador Milton Teixeira defende a preservação do espaço, tanto pelo valor histórico quanto cultural. “O prédio onde funcionou, até 1976, o Museu do Índio, foi erguido por volta de 1905 pelo Ministério da Agricultura para sediar o Serviço de Proteção ao Índio (SPI) [que deu origem à Fundação Nacional do Índio], comandado pelo marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, que funcionou no local até 1972, quando Darcy Ribeiro instalou ali o Museu do Índio”.

Apesar do valor artístico, Teixeira lembra que o prédio, feito de pedra, ficou abandonado muito tempo. “Quando o Museu do Índio foi para Botafogo, em 1976, o edifício ficou abandonado, foi invadido e saqueado, roubaram todas as coisas de valor que tinha dentro, os degraus, arcos, a escadaria, portas, janelas, esquadrias. É uma pena, mas o prédio pode ser recuperado.”

Autor da ação, o defensor público federal André Ordacgy afirma que o local foi retomado em 2006, quando índios de diversas etnias montaram o que chamam de “Aldeia Maracanã”, uma referência nacional para indígenas que visitam a cidade. Cerca de 20 índios moram  em casas de barro e ocas, construídas no terreno ao redor do prédio, e reivindicam a criação de um polo cultural indígena no local. A região, considerada solo sagrado, era habitada pela tribo Maracanã, que deu origem ao nome do rio e do estádio.

Laudo do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-RJ) já atestou que o prédio não corre o risco de cair e pode ser recuperado apenas com obras de arquitetura, sem necessidade de intervenções estruturais. O Crea também informou que é possível fazer a reforma no entorno do Maracanã para melhorar a circulação de pessoas sem derrubar o prédio.

Apesar da insistência do governo estadual em alegar que a demolição é uma necessidade para cumprir as exigências da Federação Internacional de Futebol (Fifa), organizadora da Copa de 2014, a própria Fifa já negou que tenha pedido a derrubada do espaço.

 

Edição: Lílian Beraldo

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