Debate sobre controle de armas nos EUA será conduzido por vice de Obama

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Publicado Quarta, 19 de Dezembro de 2012 às 13:09, por: CdB
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Presidente dos EUA, Barack Obama anunciou nesta quarta-feira que o vice-presidente Joe Biden irá liderar os esforços para formular políticas para combater a violência armada
Presidente dos EUA, Barack Obama anunciou nesta quarta-feira que o vice-presidente Joe Biden irá liderar os esforços para formular políticas para combater a violência armada, em meio a renovados pedidos por ação depois da morte de 26 pessoas, incluindo 20 crianças, em uma escola primária de Connecticut, na semana passada. Não se espera que o presidente anuncie decisões políticas, mas sim que estabeleça o processo pelo qual seu governo irá avançar, disseram assessores da Casa Branca.
Obama já encarregou Biden de assumir um papel importante em iniciativas políticas anteriores, como nos esforços para buscar um compromisso de redução do déficit com os republicanos no Congresso em 2011. A missão de Biden, de coordenar um processo entre as agências governamentais para a formulação de políticas após o massacre de Newtown, acontece poucos dias depois do incidente, que parece ter gerado um clamor nacional por maiores esforços para conter a violência armada.
O massacre de Connecticut foi o quarto
caso de mortes em massa nos Estados Unidos este ano
eua-armaO próprio presidente fez um pedido por ação durante um funeral em Newtown, no domingo, exigindo alterações na forma como os Estados Unidos lidam com a violência armada. Obama disse que nas próximas semanas iria "usar todo poder que este gabinete detém" para iniciar esforços a fim de evitar novas tragédias desse tipo. O controle de armas esteve longe das prioridades da maioria dos políticos norte-americanos por anos, devido à popularidade das armas nos EUA e do poder da Associação Nacional dos Rifles, o poderoso grupo de lobby da indústria.
No entanto, o horror dos assassinatos em Newtown, em que um jovem de 20 anos matou crianças de 6 e 7 anos e seus professores nas salas de aula, antes de tirar a própria vida, provocou uma aparente mudança de atitude em alguns políticos que se opunham ao controle de armas. O porta-voz da Casa Branca Jay Carney disse que Obama apoiaria o pleito da senadora Dianne Feinstein para restabelecer a proibição a armas de assalto, como os fuzis. Obama também seria a favor de qualquer lei para fechar uma brecha relacionada a programas de vendas de armas, disse.
Sofrimento
Em meio ao debate sobre o porte e o uso de armas nos EUA, mais seis vítimas do tiroteio na escola de Newtown, nos EUA, foram homenageadas em funerais e vigílias nesta quarta-feira, incluindo a diretora da escola, que foi morta com 20 de seus alunos e cinco outros membros da equipe na Sandy Hook Elementary. O massacre de tantas crianças, a maioria delas de apenas 6 ou 7 anos de idade, chocou os Estados Unidos e o mundo, renovando o debate sobre o controle de armas em um país onde o direito de portar armas é protegido pela Constituição e ferozmente defendido por muitos.
Adam Lanza, o atirador de 20 anos de idade, levou centenas de cartuchos de munição em compartimentos extras e atirou nas suas vítimas repetidamente, em um deles 11 vezes. Ele também atirou e matou sua mãe antes de dirigir para a escola, e depois se matou. A família da diretora Dawn Hochsprung convidou pessoas para uma casa funerária local, na tarde desta quarta-feira, mas o enterro seria privado, em horário não revelado. Outra das professoras, Victoria Soto, estava entre os que seriam enterrados em um funeral nesta quarta-feira.
Também foram agendados funerais para Charlotte Bacon, de 6 anos, Daniel Barden, de 7 anos, e Caroline Previdi, de 6 anos, enquanto a família de Chase Kowalski, de 7 anos, convidou as pessoas para uma visitação pública e vigília de oração. Os alunos sobreviventes da escola ainda não retornaram às aulas e as autoridades e pais estão fazendo planos para um eventual retorno em uma localidade diferente. No prédio da escola Sandy Hook, pessoas deixaram tributos como velas, flores e animais de pelúcia.
A polícia continua as investigações, mas já disse que isso pode durar meses e talvez não revelar nada sobre o motivo de Lanza. O primeiro de muitos funerais foi realizado na segunda-feira e duas crianças foram sepultadas na terça-feira. A maioria das escolas da cidade reabriu na terça-feira, mas não havia nenhuma informação imediata sobre quando os estudantes da Sandy Hook estariam de volta nas salas de aula. O impacto do tiroteio foi sentido no mundo dos negócios na terça-feira, quando a empresa de private equity Cerberus Capital Management LP anunciou que iria vender o seu investimento na empresa que faz o fuzil AR-15 Bushmaster que foi usado por Lanza.
O lobby da poderosa indústria de armas, a Associação Nacional de Rifles, quebrou seu silêncio na terça-feira pela primeira vez desde os tiroteios, dizendo que estava "chocada, triste e com o coração partido" e estava "preparada para oferecer contribuições significativas" para evitar tais massacres. A associação utiliza pressão política contra parlamentares individuais e outros para pressionar pelo afrouxamento das restrições sobre a venda e porte de armas nos Estados Unidos, enquanto promove caças e esportes de arma.
O grupo, que disse que não tinha comentado até agora por respeito às famílias e para dar tempo para o luto e uma investigação, planeja uma coletiva de imprensa para sexta-feira. O massacre levou alguns legisladores republicanos a abrir a porta para um debate nacional sobre o controle de armas, um pequeno sinal de uma melhoria na relutância arraigada de Washington de considerar seriamente novas restrições federais.
Pressão na indústria
Diante da repercussão dos assassinatos na opinião pública norte-americana, fabricantes de armas daquel país enfrentam pressões de alguns grandes investidores. A firma de private equity Cerberus Capital Management anunciou que vai vender a maior fabricante norte-americana de armas de fogo, e importantes fundos de pensões públicos estão revendo seus investimentos nesse setor.
A Cerberus anunciou na terça-feira a intenção de se desfazer do Freedom Group, fabricante do rifle Bushmaster, uma variação do fuzil AR-15, a mesma arma usada por um atirador de 20 anos para matar 20 crianças e 6 adultos na escola primária Sandy Hook, em Newtown. A decisão da Cerberus foi motivada por preocupações apresentadas por alguns dos seus investidores, inclusive o Sistema de Aposentadoria dos Professores do Estado da Califórnia, que disse na segunda-feira que iria rever seus investimentos junto à firma.
– Está aparente que a tragédia de Sandy Hook foi um divisor de águas que elevou o debate nacional sobre o controle de armas a um nível sem precedentes – disse a Cerberus, que gere uma carteira de mais de US$ 20 bilhões.
O Fundo de Aposentadoria Comum do Estado de Nova York, que tem 150,1 bilhões de dólares sob sua gestão, também decidiu rever seus investimentos em fábricas de armas, disse na terça-feira um porta-voz da Controladoria do Estado de Nova York. Fundos de pensão da prefeitura de Nova York também estão revendo seus investimentos e podem vender quase 18 milhões de dólares em ações de quatro empresas que produzem armas e munições, disse um porta-voz na terça-feira.
Uma pequena parcela desse total (UU$ 17.866 ) está investida em ações da fabricante brasileira de revólveres Forjas Taurus, cujas ações tiveram queda de 3,8 por cento na terça-feira. Outras empresas afetadas também registraram desvalorização em suas ações. Não são só os fundos de pensão que estão questionando seus investimentos na indústria bélica. King Lip, diretor de investimentos da consultoria de gestão de fortunas Baker Avenue Asset Management, de San Francisco, disse ter recebido ligações de clientes querendo confirmar que o escritório não possui nem compra ações de empresas do setor de armas e munições.
– Esse (massacre) aconteceu especialmente perto de casa para muita gente. Muitos dos nossos clientes têm filhos ou netos – disse Lip, cuja firma tem uma carteira de cerca de US$ 800 milhões e não possui ações ligadas ao setor de armas.
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