De norte a sul, mulheres campesinas ocupam terras em sinal de protesto

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Publicado Segunda, 08 de Março de 2010 às 10:38, por: CdB

Em Pernambuco, a Jornada de Lutas das Mulheres da Via Campesina, que deve ter seu ápice nesta segunda-feira, começou na véspera, com a ocupação da fazenda Uberaba, em Bonito (137 km de Recife), no Agreste do Estado. As cerca de 150 sem-terra ocuparam o local pela quinta vez desde 2003, quando começou a ser reivindicado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Segundo os coordenadores do movimento, a fazenda encerra 600 hectares e os ocupantes pretendem deixar o local somente após a vistoria do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Os sem-terra entraram no local após cortar cercas e montaram acampamento na área onde ficam estábulos sem uso.

Segundo Gilberta Araújo, integrante da coordenação estadual do MST, a área é improdutiva. Uma neta do proprietário, segundo Araújo, conversou com lideranças do movimento e não houve conflito. A polícia acompanhou toda a movimentação, à distância.

No Sul

Ainda nesta segunda-feira, cerca de mil mulheres, integrantes da Via Campesina, de várias regiões do Paraná, ocuparam a Usina Central do Estado, em Porecatu. De acordo com a organizadora do movimento, Izabel Grein, o protesto faz parte da mobilização nacional contra a violência e o agronegócio e em defesa da reforma agrária.

– Nosso lema é Mulheres Camponesas em Luta Contra o Agronegócio, pela Reforma Agrária e Soberania Alimentar e hoje estamos protestando contra a monocultura da cana, que no Paraná ainda se utiliza do trabalho escravo – disse ela.

As mulheres permaneceram na usina até as 10h, saindo depois em passeata pelas ruas do município. O movimento lembra que em 2008, 228 trabalhadores foram encontrados em situação degradante, semelhante ao trabalho escravo, em fazendas que atendem a usina. Segundo Grein, em três fazendas da região – Variante, Santa Maria e Marrecas - foram encontrados trabalhadores nessa situação.

– São áreas ocupadas, que aguardam a desapropriação do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra), mas a maior parte das áreas em torno da usina apresenta problemas. No ano passado, o instituto considerou improdutiva uma área de 20 mil hectares e até agora não saiu a documentação – afirmou.

As campesinas alertam a população para o fato de que “a expansão da cana-de-açúcar no Paraná, nas regiões norte, noroeste e norte pioneiro, tem gerado sérias consequência, como destruição ambiental, expulsão de trabalhadores do campo, violações dos direitos trabalhistas e trabalho escravo”.

Outra reivindicação do movimento é o assentamento de 6 mil famílias que estão nos acampamentos do Estado. No fim da tarde, estava previsto um ato de solidariedade, no qual as mulheres campesinas doariam alimentos da reforma agrária aos cortadores de cana na praça central do município vizinho, Florestópolis. Os alimentos serão distribuídos nos bairros pobres onde vivem trabalhadores do corte da cana, que, segundo o movimento, na semana anterior estavam em greve, reivindicando salários atrasados.

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