Na sala de aula, cadeiras são substituídas por fogões e panelas. Cadernos e livros dão lugar a ingredientes para cozinhar. A culinária é uma alternativa para a aprendizagem do inglês no ensino fundamental dos colégios Osvaldo Cruz e Pindorama, ambos da Instituição Evangélica de Novo Hamburgo (IENH), no Rio Grande do Sul. Nessas aulas os estudantes descobrem novos sabores, culturas diferentes e como usar a língua inglesa no dia-a-dia.
De acordo com a professora de inglês Luciana de Souza Brentano, esse tipo de atividade, em que os alunos vivenciam a língua, torna o ensino mais eficaz.
– Apenas o ensino da gramática, desvinculado dessa vivência, torna a língua inglesa algo sem sentido para as crianças –, afirma. Luciana avalia que “aprender brincando” é parte da prática pedagógica.
– Assim, eles criam gosto pela língua inglesa e pela cultura. As famílias nos dão esse retorno, de que o estudante não está apenas aprendendo, mas levando o aprendizado para casa –, diz.
Por meio da culinária, os alunos aprendem até matemática em outra língua.
– Eles precisam converter as medidas, pois as usadas no Brasil são diferentes das usadas em outros países como Inglaterra, Canadá e Estados Unidos –, conta.
Além disso, eles descobrem os pratos típicos de outros países e o significado deles para suas respectivas culturas.
Luciana é coordenadora do currículo bilíngue dos colégios da instituição, que vem sendo implementado desde 2005. Ela afirma que a língua inglesa é importante não apenas na escola, mas no futuro dos estudantes.
– Novo Hamburgo é conhecida como cidade exportadora, especialmente no setor de calçados. As famílias querem preparar os filhos para esse cenário e até mesmo para o mundo globalizado no qual vivemos –, destaca.
Segundo ela, quase todas as turmas contam hoje com o currículo bilíngue.
– Os alunos aprendem as matérias nas duas línguas. Os conteúdos são divididos entre o inglês e o português. Mas as aulas de culinária são exclusivamente em inglês –, explica.
Em São Paulo, a diretora pedagógica do Colégio Visconde de Porto Seguro, Sônia Bittencourt de Oliveira, considera importante a utilização de brincadeiras e atividades diversificadas no ensino de uma segunda língua. “Quanto mais novas forem as crianças, mais lúdicas devem ser as atividades: desenhos, jogos, dramatizações, músicas e brincadeiras. O foco deve estar na oralidade e não na escrita”, acredita.
Para ela, os métodos de diferenciação são essenciais. “Eu arriscaria dizer que são vitais para um ensino de qualidade, que vise a aprendizagens verdadeiras. Atividades diversificadas, com diferentes níveis de dificuldade ajudam não ao professor, mas aos alunos, que sempre estão e estarão em diferentes níveis linguísticos”, pontua. Sônia destaca os circuitos de atividades que exijam habilidades diferentes como jogos, músicas, monitorias entre colegas e filmes.
A opinião de Sônia é a mesma de Luciana. O aprendizado é mais eficaz quando o aluno vivencia a língua, e isso é importante inclusive para o futuro do estudante. “As vivências fazem uma conexão com a vida real. Perduram através dos anos, se tiverem uma função social para o aluno. No entanto, mesmo que a falta de uso ‘enferruje’ a fluência, uma boa base facilitará retomadas futuras”, conclui Sônia.