Antes mesmo de expirar o prazo para o pagamento dos US$ 2,5 milhões e a entrega das garantias bancárias dos outros US$ 6 milhões da venda do lateral-esquerdo Sorín, no próximo dia 31, o Cruzeiro decidiu que entrará na Justiça contra a Lazio. O clube não vê perspectivas de receber logo o dinheiro da negociação, fechada em maio passado. O superintendente de futebol do Cruzeiro, Zezé Perrella, disse nesta terça-feira que a ação está pronta, e o advogado que representa o clube no caso Paulo Amoretty, já está na Itália, para ingressar na Justiça Ordinária daquele país. Dos US$ 9,5 milhões acertados, apenas US$ 1 milhão foi pago até agora - a primeira parcela, já vencida, era de US$ 3,5 milhões. "O Cragnotti (Sergio, presidente do clube, que renunciou em dezembro) faltou com a palavra e foi irresponsável", reclamou o dirigente. Ele acionará também a empresa brasileira Bombril, que faz parte do grupo Cirio, de Serio Cragnotti, e é avalista da operação. Perrella foi a Roma em dezembro, se reuniu com Cragnotti e recebeu o compromisso de que as pendências seriam resolvidas até dia 31 daquele mês. Com a renúncia do italiano, o prazo foi estendido em um mês, e agora foi a vez de Adhemar Magon, executivo da Hicks, Muse, Tate & Furst, empresa que era parceira do Cruzeiro no vínculo de Sorín, ir à Itália. "Eles disseram ao Adhemar que podemos procurar os nossos direitos na justiça. A Lazio vai pagar por bem ou por mal, mesmo se perder os direitos sobre o Sorín na justiça, e torço para que isso aconteça, porque isso só legitima o nosso pleito", disse Perrella, referindo-se ao fato de o lateral ter entrado na Justiça contra o clube italiano, pelo não pagamento de salários. O superintendente do Cruzeiro explica que a Lazio, em sérias dificuldades financeiras, pretende devolver Sorín ao Cruzeiro. Para isso, argumenta a perda do interesse e apresenta o fato de o jogador, formalmente, ter defendido o clube italiano nos últimos seis ano por empréstimo. "Como a Lazio não pagou a primeira parcela (de US$ 3,5 milhões, que deveria ter sido paga em agosto de 2002), nós não liberamos a transferência e, para efeito de federação, fizemos um adendo no contrato de venda, emprestando o Sorín por seis meses. Mas o contrato é, como dizem os advogados, um ato jurídico perfeito", explicou. Como argumento, Perrella apresenta o fato de Sorín ter assinado contrato de cinco anos com a Lazio e, mais uma vez, descartou a volta do lateral do Cruzeiro. "Não há a menor possibilidade. O salário dele lá, de US$ 150 mil, equivale a quase metade da nossa folha salarial", enfatizou. Após entrar na justiça pedindo a rescisão de contrato, já que não recebe salários desde outubro, Sorín acertou transferência para o Barcelona. "O Sorín não conseguiu ser titular lá, e acho que a Lazio se arrependeu da contratação. Eles acertaram os salários de todos os jogadores, menos o do Sorín, foram irresponsáveis em todos os aspectos", observou Perrella. O dirigente prevê que, após o ingresso na Justiça, ação que, acredita, possa levar seis meses para ser resolvida, a diretoria da Lazio tentará uma solução pacífica. "Podemos até levar um calote, se a Lazio falir, o que não acredito, porque eles receberam um investimento de 20 milhões de euros. Eles devem tentar um acordo, mas não vamos abrir mão de nada", contou.
Rio de Janeiro, Sexta, 29 de Março de 2024
Cruzeiro acionará a Lazio na Justiça
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Publicado Terça, 28 de Janeiro de 2003 às 21:42, por: CdB
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