Crise na Parmalat não deve afetar pequenos produtores de leite do Brasil

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Publicado Terça, 06 de Janeiro de 2004 às 13:52, por: CdB

Os dois milhões de produtores de leite, em sua maioria de pequeno e médio porte, fornecedores do grupo Parmalat no Brasil, não deverão sofrer graves conseqüências em função do rombo financeiro que veio à tona com a descoberta de fraudes contábeis na matriz italiana desse conglomerado. Essa é a avaliação do presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite, Jorge Rubez.

Porém, ele reconhece a necessidade de uma saída emergencial para resolver os problemas que já começaram a surgir, principalmente para os produtores que estão sem receber das usinas de processamento de leite, como é o caso, por exemplo, das 12 cooperativas da região de Itaperuna, no Rio de Janeiro. Rubez sugere que seja liberado o Empréstimo do Governo Federal (EGF), o que garantiria a estocagem de produtos em forma de leite em pó ou de derivados como o queijo.

A possibilidade de um socorro empresarial via empréstimo junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é rechaçada por Rubez. A proposta do empréstimo está sendo feita por alguns segmentos do setor e deverá ser apresentada na reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva no encontro entre o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, e lideranças dos produtores. "Não vejo nenhum sentido para uma intervenção governamental em forma de ajuda financeira na empresa", salienta Rubez. Ele justifica que tal medida iria desviar dinheiro público de áreas importantes, como infra-estrutura, saneamento básico e educação.

Na sua avaliação, "não será difícil despertar o interesse de uma multinacional ou de um grande grupo na aquisição do controle da Parmalat no Brasil", onde há um mercado promissor a ser explorado. Ele acena até com a possibilidade de ser preservada a marca da empresa. A Parmalat responde pela captação de cerca de 1 bilhão de litros de leite por ano, ocupando a segunda posição, depois do grupo suíço Nestlé. O Brasil produz anualmente cerca de 21 bilhões de litros de leite. No mercado interno ainda existem muitos espaços a serem preenchidos, enfatiza Rubez, observando que o consumo per capita de leite no país ainda está bem abaixo do recomendado por organismos internacionais como a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Segundo ele, a média de consumo caiu nos últimos anos, passando de 146 para 135 litros per capita ao ano, enquanto o ideal seria 200. "A nossa vizinha Argentina tem um padrão de consumo maior, em torno de 190 litros", aponta o líder empresarial.

Segundo ele, até fevereiro ou março a questão deverá estar resolvida, com a retomada da estabilidade no setor. Ele aposta na capacidade de uma rápida reabsorção no mercado, mesmo considerando eventuais distúrbios, que passam inclusive pela baixa demanda no varejo.

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