Crise financeira impõe novo pacto pela universidade, afirma reitor da UFRJ

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Publicado Domingo, 10 de Maio de 2015 às 14:35, por: CdB
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Roberto Leher foi eleito com número expressivo de votos para a Reitoria da UFRJ
Novo reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o professor Roberto Leher – eleito na chapa, UFRJ Autônoma, Crítica e Democrática, com a professora de Odontologia Denise Nascimento – afirmou ser necessário, por parte do governo federal, um novo pacto de financiamento das universidades federais. Em entrevista a um jornal popular do Rio de Janeiro, Leher lembrou que "entre 2007 e 2014", houve um aumento de 55% no número de alunos da UFRJ. – Mas hoje nós temos metade da verba de custeio: em 2011, era R$ 230 milhões para manutenção e pagávamos 870 terceirizados – disse. Apoiado pelo movimento estudantil universitário e pela esquerda dos parlamentos fluminenses, Leher comemorou o protagonismo estudantil "jamais visto na história da UFRJ". Principal crítico da falta de prioridade de investimentos federais na educação pública, o doutor em Educação pela USP foi presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN) de 2000 a 2002. A campanha de Roberto e Denise, pautada no combate à militarização e à privatização dos espaços universitários e na autonomia aos governos, recebeu mais de 13 mil votos, enquanto seus oponentes obtiveram 6.534 votos no total. A situação financeira da UFRJ, no entanto, é delicada. – Como a terceirização foi muito ampliada, provavelmente não teremos como pagar as empresas, vamos ter dificuldades de honrar os compromissos. É o cobertor curto: se pagar o terceirizado, faltará dinheiro para energia elétrica. Lembre-se que as aulas começaram atrasadas neste período por causa dos atrasos. Há um boato, por exemplo, de que a Faculdade Nacional de Direito irá parar por conta dos atrasos nos pagamentos para os terceirizados. É um sintoma de um processo na UFRJ. Já temos prédios sem portaria, prédios que chovem dentro. Os reitores, em geral, não podem dizer ‘amém’ ao corte de verbas pelo governo federal. As universidades se expandiram, fizeram sua parte. O MEC não pode abandonar agora, e cortar justamente na educação. Esclareceremos a sociedade sobre os problemas para que seja feita maior pressão no governo. Em virtude da crise nos hospitais, por exemplo, não realizamos transplantes há dois meses. Como nosso aluno pode se formar sem esse conhecimento? O prejuízo da crise pode se estender por anos – afirmou. Diante da crise financeira, 58 das 59 universidades federais brasileiras aderiram à greve em 2012. Para este ano, segundo Leher, ainda não há uma decisão fechada sobre o assunto. – Os professores aqui ainda não tem posição fechada sobre isso. As atividades, se não pararem por greve, vão parar por falta de condições de trabalho. Todo o esforço da expansão universitária dos últimos anos pode ser jogado fora pois não há como manter mais alunos sem investimento.É visível que o governo optou pelo crescimento do setor privado, com Fies, ProUni e Pronatec. É fato, entretanto, que aumentou muito o número de pessoas de fora do Rio estudando na UFRJ. Consequentemente, cresceu a demanda pela assistência estudantil. A situação é de crise, mas o que fazer com esses alunos? – questiona. Dona da antiga casa de shows Canecão, Leher adianta que este assunto faz parte de um problema maior. Mas seu objetivo é reabrir a casa, o quanto antes. – O Canecão é parte de um problema maior, que é a área de cultura, que está muito desamparada na UFRJ. Não temos espaços capazes de dar visibilidade aos estudantes de artes. As possibilidades para reitoria são o uso de recursos da Lei Rouanet, mas também precisamos explorar a verba de emendas parlamentares. Temos uma concessão de rádio FM também, que precisa ser explorada. No caso do Canecão, seremos forçados a reabri-lo logo. O Rio de Janeiro cobra isso – concluiu.
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