Coração tem um novo e grande inimigo

Arquivado em:
Publicado Quarta, 07 de Agosto de 2002 às 06:35, por: CdB

O colesterol alto, perdeu o posto de maior vilão na lista das causas dos ataques cardíacos. Os cientistas descobriram que existe um perigo oculto no organismo que pode ser um gatilho ainda mais poderoso para disparar o problema. Trata-se de um baixo grau de inflamação, que pode surgir em várias partes do corpo, incluindo excesso de gordura. As novas orientações do governo norte-americano, que estão sendo redigidas, exortam os médicos a testar milhões de pessoas de meia-idade para verificar essa condição. Por conta da descoberta, as origens e formas de prevenção das doenças do coração começam a ser revistas. Os médicos consideram que isso é revolucionário, em comparação aos padrões da cardiologia moderna, que vê no colesterol alto a causa do entupimento das artérias, até agora tida como a razão dos ataques cardíacos, problema que mata mais gente no mundo. "As implicações são enormes", diz o dr. Paul Ridker, do Boston Brigham and Women's Hospital. "Significa que temos um modo inteiramente diferente de tratar e prevenir a doença coronariana que estava perdido devido a nosso foco apenas no colesterol". Há um ou dois anos, segundo os especialistas, se tornaram esmagadoras as provas de que inflamações escondidas no corpo são um gatilho comum para ataques cardíacos, mesmo que entupam minimamente as artérias. Agora os médicos se perguntam o quão agressivamente as pessoas até então consideradas saudáveis devem ser testadas para encontrar e tratar o problema. As novas recomendações ainda estão sendo esboçadas, mas os médicos encarregados disso dizem ser quase certo que vão recomendar exames abrangentes. A inflamação pode ser medida por meio de um teste de 10 dólares que verifica os altos níveis de uma substância química chamada proteína C-reativa, uma das muitas que aumentam durante processos inflamatórios. Os especialistas esperam que esse exame torne-se rapidamente parte da rotina clínica. Em conseqüência, muita gente considerada em baixo risco provavelmente terá que tomar a droga estatina, que reduz tanto a inflamação quanto o colesterol. Metade das vítimas de ataques cardíacos tem níveis de colesterol normais ou mesmo baixos. Claramente, alguma coisa estava faltando na equação e esse elemento parece ser a inflamação. Uma série de estudos realizados pela equipe do Dr. Ridker, iniciados em 1997, sugere que a inflamação é mais importante do que o colesterol para provocar ataques cardíacos. Eles descobriram que pessoas que apresentam altas taxas da proteína C-reativa no sangue têm risco dobrado de ter ataques cardíacos se comparadas àquelas com colesterol alto. Grandes quantidades da proteína também indicam o risco de ataques cardíacos ou derrames anos antes de ocorrerem, mesmo se o colesterol da vítima estiver baixo. Mais perigoso ainda é apresentar níveis altos da proteína e de colesterol - aumenta em nove vezes o risco. Toda pessoa na meia-idade tem algum grau de placas de gordura nas artérias coronarianas. As novas provas sugerem que isso se torna ameaçador se o organismo for enfraquecido por algum processo inflamatório, que o fragiliza. Muita gente sem sinais visíveis de ter algum problema apresenta altos níveis de inflamação interna. É exatamente do mesmo tipo que causa inchaços, rubor e calor durante surtos infecciosos ou alérgicos. Segundo os médicos, as inflamações internas podem ter muitas fontes possíveis. A própria placa de gordura pode inflamar-se. Mas a inflamação que aparece em qualquer outra parte do corpo pode ser igualmente perigosa, já que envia perigosas substâncias químicas para as artérias já ocupadas por placas. Embora muitas substâncias químicas do corpo aumentem durante um processo inflamatório, a proteína C-reativa, ou CRP, é particularmente mais fácil de ser medida. A tendência é que os médicos recomendem o exame da proteína em pessoas de meia-idade, fumantes, colesterol no limite da normalidade ou hipertensão. Mas há uma corrente que sugere o teste em qualquer pessoa

Tags:
Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo