Comédia dos EUA e filme de guerra lideram briga em Veneza

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Publicado Sexta, 11 de Setembro de 2009 às 09:49, por: CdB

Uma comédia norte-americana de humor negro, o ataque de Michael Moore ao capitalismo e um filme de guerra israelense doloroso estão entre os favoritos da crítica para receber o cobiçado Leão de Ouro de melhor filme no festival de cinema de Veneza, neste sábado.

É sabidamente difícil prever o que decidirão os júris de festivais de cinema, e jurados e críticos frequentemente discordam em suas avaliações, mas Veneza 2009, com 25 filmes na competição principal, vem sendo visto como melhor que o festival decepcionante do ano passado.

E, com George Clooney, Matt Damon, Nicolas Cage, Eva Mendes, Isabelle Huppert, Viggo Mortensen e o veterano egípcio Omar Sharif percorrendo o tapete vermelho, o festival de cinema mais antigo do mundo teve sua devida parcela de astros este ano.

– Foi um avanço marcante em relação a 2008, que foi um ano muito difícil para todos os festivais –, disse Deborah Young, do The Hollywood Reporter. – Falando como crítica, os filmes deste ano valem a pena ser vistos –, disse. 

Todd Solondz agradou com sua comédia de humor negro Life During Wartime, uma espécie de sequência de seu aclamado filme Felicidade, acompanhando a família disfuncional Jordan em uma história de abusos, pedofilia e suicídio que emprega humor e sátira cortante.

O Hollywood Reporter descreveu o diretor norte-americano como "o verdadeiro herdeiro de Woody Allen". Indagado sobre a comparação, Solondz disse:

– Eles não diriam isso se eu me parecesse com Tom Cruise.

Outro filme que uniu as opiniões foi Lebanon, em que o cineasta israelense Samuel Maoz procura recriar a claustrofobia e o medo que sentiu aos 20 anos de idade, quando era soldado alistado a contragosto no conflito de 1982, rodando a maior parte da ação desde o interior de um tanque.

Maoz ficou tão traumatizado com suas memórias que levou 25 anos para criar coragem de fazer o filme, que o New York Times descreveu como "uma obra de cinema estarrecedora".

Michael Moore atraiu risos e aplausos com Capitalism - A Love Story, um ataque mordaz ao que vê como sendo a cobiça desvairada de Wall Street que ajudou a colocar a economia mundial de joelhos, condenando milhões de pessoas à pobreza e ao desemprego.

E os jornalistas em Veneza aplaudiram o longa-metragem de estreia do estilista Tom Ford, A Single Man. O filme é adaptado de um romance de Christopher Isherwood e traz Colin Firth como professor universitário gay que chora a morte de seu amante. Firth é citado como favorito para o prêmio de melhor ator.

Vários filmes da competição principal também vistos como favoritos para o prêmio mais importante - que será anunciado pelo diretor Ang Lee, ganhador do Leão de Ouro em 2005 e 2007 - dividiram a crítica.

The Road, uma adaptação do sombrio romance pós-apocalíptico A Estrada, de Cormac McCarthy, atraiu reações divergentes, e Lourdes, da austríaca Jessica Hausner, foi elogiado pela moderação com que tratou de temas ligados a milagres e à fé.

O Irã ocupou lugar de destaque no festival, com Women Without Men participando da competição principal e Green Days, com imagens dos protestos recentes em Teerã, fazendo sua estreia fora da competição.

A Screen International considerou fascinante o filme francês White Material, com Isabelle Huppert no papel de matriarca determinada a manter a fazenda de café de sua família na África funcionando, acontecesse o que acontecesse.

A comédia Soul Kitchen, de Fatih Akin, foi bem recebida, mas não houve unanimidade em relação a quatro filmes asiáticos: Between Two Worlds, do Sri Lanka; o japonês Tetsuo the Bullet Man; Lola, do diretor filipino Brillante Mendoza, e Accident, de Soi Cheang.

Bad Lieutenant: Port of Call New Orleans foi um dos dois filmes do diretor alemão Werner Herzog na competição principal, mas, apesar da presença do astro Nicolas Cage, não foi visto como candidato forte ao prêmio principal.

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