Comédia <i>Cadê os Morgan?</i> depende do carisma de Grant

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Publicado Quinta, 25 de Março de 2010 às 08:31, por: CdB

Ricos, bonitos e bem-sucedidos, o advogado Paul Morgan (Hugh Grant, Letra e Música) e a corretora de imóveis de luxo Meryl Morgan (Sarah Jessica Parker, Sex and the City) estão vivendo uma crise no casamento, porque Paul deu uma escapada. Assim começa a comédia Cadê os Morgan?, estreando em circuito nacional.

Arrependido, Paul faz de tudo para reconquistá-la. E, numa noite em que ela, finalmente, concordou em jantar com ele, os dois presenciam um crime, que tem relação com um dos clientes de Meryl. Por conta disso, são incluídos no programa de proteção de testemunhas do FBI e, bem contra a vontade, têm que mudar-se de Nova York para a remota cidadezinha de Ray, no rural estado do Wyoming.

Urbanoides radicais, eles - especialmente ela - se ressentem da falta dos confortos da cidade grande. Aqui em Ray, o celular quase não pega. Seu novo endereço, a residência de um casal de agentes do FBI, Emma (Mary Steenburgen, A Proposta) e Clay Wheeler (Sam Elliott, Amor sem Escalas), sequer tem TV a cabo.

O evento mais divertido da cidade é um rodeio. E, pior, eles são obrigados a conviver sob o mesmo teto bem na hora em que Meryl cogitava o divórcio.

Como toda comédia, esta aqui alimenta-se dos opostos. E não há casal mais diferente dos Morgan do que os Wheeler.

Talvez a melhor sacada do roteiro, de autoria do diretor Marc Lawrence, seja mesmo projetar nesta boa dupla de atores, Elliott e Steenburgen, pelo menos uma parte da América profunda, conservadora, republicana, armamentista, amante da caça (há cabeças de animais decorando a sala da casa, para horror da vegetariana Meryl), mas não desprovida de senso de humor. Um humor que, neste momento particular, está faltando muito a Meryl.

Encarnando seu habitual personagem atrapalhado, Hugh Grant garante algumas risadas. É a terceira vez que trabalha com o diretor Lawrence, repetindo a parceria de Amor à Segunda Vista (2002) e Letra e Música (2007). Talvez por isso esteja mais à vontade, embora num papel não particularmente brilhante.

Sarah Jessica Parker, por sua vez, é mais irritante do que engraçada - um problema que parece vir mais do roteiro do que dela mesma.

Comédia parece um gênero fácil só para quem não sabe do que está falando. É a mais difícil das artes fazer rir, encontrar o tempo da piada, a química entre uma dupla. Nada disso aconteceu direito entre Sarah e Hugh aqui.  Por isso, os poucos bons momentos da história pertencem mesmo à dupla de veteranos Elliott e Steenburgen, ainda assim, num universo cheio de clichês surrados.

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